Sabe aqueles destinos turísticos que existem dentro do destino que ‘clicou’ para o seu próximo sonho de viagem… e nem sabia que eles existiam? Posso falar de um que se chama “Hoi An”, a cidade mais antiga do Vietname. Quando pensei em ir ao Vietname, rascunhei dois nomes no plano do roteiro: Hanoi e Ho Chi Minh (antigo Saigão). Como qualquer turista que faz bagagem e rotas para ir ao Vietname! Mas, não faça isso, deixe páginas livres para: imprevistos, paixão inesperada e cidades impensáveis. Não tive tempo para visitar o Norte, portanto explorei o centro e, indesejavelmente, perdi o avião para o Sul. E, ainda bem! O Destino sabe o que faz ao nosso destino turístico. Se eu não tivesse perdido aquele voo, não teria visto as lanternas mágicas do Mundo: elas estão nos mercados noturnos de Hoi An.

Antes de tudo: sigam dicas do hotel onde ficarem hospedados para terem a vossa excursão prontinha e à porta! Primeiro, mal aterrem… inalem o Vietname. Como é húmido e aromático. Percebam aquela loucura ensandecida (sim, redundante!) do trânsito que não pára nos cruzamentos, nem vendo peões. Nunca! Capacetes nos motociclos, contei pouquinhos ou quase nenhuns. Contornam-nos nas passadeiras e com a serenidade oriental no semblante. O que mais trouxe na saudade do Vietname foram duas coisas: um chamo-lhe segredo (não vou contar), outra chamo-lhe o sorriso mais humilde do planeta.

O sorriso puro mora no Vietname, com uma pureza inigualável

Sempre julguei que os mestres dos sorrisos eram os cambojanos, mas não. O sorriso puro mora no Vietname, com uma pureza inigualável. Senti que crescia enquanto ouvia e via as expressões do sorriso deles. Quando somos crianças não notamos os ossos em crescimento, certo? Mas eu sentia que a minha alma crescia enquanto vivenciei aqueles momentos. Se há um dos motivos para ir ao Vietname, além das paisagens e monumentos de cortar o fôlego, é o sorriso vietnamita. O outro grande motivo reside numa cidade pequena que doura até cair o sol. Mas um dourado que nunca vi em cerca de cinquenta destinos. E sempre que estou nervosa é nessa cor e na sua sensação de serenidade que penso. Uns fazem yoga, outros fazem desporto, eu penso em Hoi An. De direta, porque o calor insuportável de Fevereiro não me permitiu dormir, percorri Ba Na Hills (num próximo artigo falo-vos sobre Hills) e de lá fui de táxi para Hoi An. Quase desistente, por causa da exaustão do ver e do sentir.  Cerca de duas horas, mas bem económico a partir dali. Vale regatear!

Hoi An, Vietname
créditos: Pixabay

Quando abri a porta do carro e saí numa das entradas da antiga cidade, comecei a sentir a tal sensação de forma cavalgante. Lembro-me, perfeitamente, de me escorrer uma lágrima pelo rosto, do lado direito. O que senti naquela cidade é indescritível: os sorrisos, de novo, a cor que era inerente a qualquer espaço por ali, os mercados de sabores e cores, os caniches de pelo castanho encaracoladinho, a calma das horas. E claro as lanternas que até se podem lançar ao céu e com elas deixar um desejo pedido. Não pedi desejos, tinha ali tudo o que queria. A calma do tempo, a serenidade do Oriente, sorriso do sábio humilde.

Os vietnamitas são admiravelmente desenrascados e hospitaleiros apesar de ainda estarem pouco formados na área hoteleira. E nem se fala na área de tráfego que é um completo desastre sem de facto se ver acidentes. Confesso que ri muitíssimo até porque alguns motoristas cantam enquanto nos levam aos hotéis. Hilariante! Mas em Hoi An até essa hospitalidade modifica: não são mais afáveis ali, são simplesmente misteriosos. E senti-me toda orgulhosa porque os portugueses foram os primeiros do Ocidente a aportar e a descobrir esta cidade, mesmo no centro do enorme país Vietname.

Ah e, sim, sou daquelas pessoas de livrinho na mão. E tento saber como se pronunciam as principais palavras ou nomes dos templos. Amo templos, não por ser crente, mas pela história que cada pedra nos conta.  Nesse livrinho reparei que tinha uma página solta e estava amarelada pelo tempo - “talvez seja mais uma das agendas velhas que guardo, da altura do meu pai”… pensei. Mas sinto que não amarelada pelo tempo, nem estava a página solta ao acaso. Era dedicada a Hoi An. Porque ainda não tinha escrito nada sobre essa cidade antes de perder o avião e de embarcar do Qatar para Da Nang. E de lá, via terra, chegar a essa cidade misteriosa. Obrigada Vietname, lembro que te amei.

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