Segundo os historiadores, as tulipas eram inicialmente cultivadas pelo Império Otomano (atual Turquia).  No século XVI, as flores começaram a ser importadas para a Holanda, atualmente renomeada de Países Baixos, graças a Carolus Clusius, considerado um dos fundadores da horticultura. O médico e botânico flamengo ao serviço do Imperador Maximiliano II recolheu numerosas espécies de plantas nas suas viagens, entre elas as tulipas. Em 1593, o então diretor dos jardins botânicos da Universidade de Leiden, um dos primeiros jardins botânicos da Europa, começou a plantar várias espécies desta flor, atraindo a atenção dos locais.

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O comércio desta planta floresceu durante a Idade do Ouro Holandesa, ao longo do séc. XVII, após o país tornar-se independente de Espanha. Várias espécies começaram a ser plantadas e comercializadas ao mesmo tempo que despertavam o interesse pela comunidade científica.

A flor era muito utilizada na decoração de jardins e na medicina, tornando-se aos poucos um símbolo de luxo e status social.

Apesar de normalmente serem compradas aos molhos, as flores foram durante vários séculos vendidas à unidade a um preço bastante elevado para a época, tendo mesmo sido utilizadas como moeda de troca na compra de imóveis. Segundo os relatos da época um único bolbo podia ser trocado por 27 toneladas de trigo, oito porcos, quatro tonéis de cerveja, duas toneladas de manteiga ou três toneladas de queijo. Em 1633, um bolbo da espécie Semper Augustus, uma das mais raras e cobiçadas, poderia custar 5500 florins. Quatro anos depois o valor estaria nos 10 mil florins.

Tulip mania, a primeira bolha da história

A popularidade foi tal que a especulação financeira à volta desta planta originou a primeira bolha económica da história, em 1637, a tulip mania. Os negociantes passaram a vender os bolbos (e não as flores) que tinham acabado de plantar ou que ainda tencionavam plantar, fenómeno que ficou conhecido como o mercado de futuros. O objetivo seria vendê-los por um preço ainda mais caro com o objetivo de gerar lucro.

Devido à oferta elevada, os preços subiram abruptamente e vários investidores, produtores e comerciantes ficaram na falência por não conseguirem escoar os seus produtos. O fenómeno chegou a ser ridicularizado em inúmeros panfletos e cartazes da época. Apesar do interesse ter-se mantido inalterado nos anos seguintes, os preços dos bolbos caíram para valores razoáveis.

Atualmente, as flores constituem um dos símbolos económicos e culturais os Países Baixos, não por acaso, denominados 'a floreira do mundo'.

A floricultura constitui o terceiro maior setor exportador do país, só atrás da maquinaria e gás natural.

A produção está concentrada em várias cidades como Amesterdão, Noordoostpolder, Lisse e Noordwijkerhout. Não é de estranhar que o país seja também o berço do maior jardim de tulipas do mundo. O Keukenhof, em Lisse, cobre uma vasta área de 32 hectares com sete milhões de bolbos em flor. Embora as tulipas constituam a atração principal, as cerca de 800 variedades de tulipas, narcisos e jacintos podem ser vistas durante oito semanas, entre os meses de março e maio. Descubra mais na galeria de fotos abaixo.

Os mercados de flores são uma das formas de conhecer a cultura holandesa. Utrecht – Janskerkhof e Oudegracht – e Amesterdão são dois dos locais mais conhecidos para passear e comprar este produto. O mercado flutuante de flores no canal Singel, na capital holandesa, é inclusive uma tradição que perdura até hoje. As flores são transportadas de barco desde os campos até ao centro da cidade, algo raro na Holanda atual.

O leilão de Aalsmeer, no norte do país, é ainda o maior leilão de flores do mundo. Cerca de 20 milhões de flores originárias de vários pontos do globo são comercializadas todos os dias, números que aumentam em épocas especiais como o Dia da Mãe ou o São Valentim.