O que atrai a portuguesa Mami Pereira (@mamigeographic) em viagens? Ela conta-me que Portugal é casa, mas “é de onde se parte”. Contudo “é lá fora que eu carrego baterias”. Começou assim a nossa ‘entrevista’, enquanto eu clicava no seu instagram de viagens que deveria ganhar um globo maior que os globos que mostram o nosso pequeno mundo. Avalio tal como mulher e como viajante que sou, mas sobretudo porque temos de bater palmas a quem assim palmilha mundo e livros. Vemos páginas de instagram sobre viagens que não se comparam a páginas como a da Mami. Não a conheço, mas a cada leitura de imagem parece que me reencontro com ela na maioria dos destinos que ambas visitámos em momentos diferentes. E não é assim que as viagens são? Uma continuação de cada um, os passos uns atrás dos outros. Comentamos as mesmas coisas com ângulos diferentes. E é sobre ângulos que também iremos aqui retratar.

A cada foto e a cada legenda, ela embriaga a nossa vontade de querer ir com ela e fotografar mesmo ao ladinho. De querer escrever com ela o diário da sua diáspora. De aprender com a Mami Geo tudo sobre geografia dos povos e das cores! Mesmo que recentemente mais parada, como todos os viajantes, vai fazendo posts de recordação de viagens que são tão longas como deve ser um ‘sopro’ durante uma aula de Yoga.

Ainda sobre Portugal achei curioso como ela compara a pátria com a ilha de flores de lótus que aparece na Odisseia de Homero: Ulisses aporta nessa ilha mítica e vai-se alimentando de flores, contudo também a sua memória vai-se esmorecendo. Esse esquecimento de viagens acontece na famosa Odisseia e também na Mami Pereira. Estando em Portugal muito tempo provoca-lhe um esquecimento que desperta o alarme: viajar! Sempre que embarca ela “liga as viagens umas às outras. É como ter duas vidas”. Descreve assim.

A perspetiva de pessoas com contrato de viagem a longo termo (chamo-lhe eu assim) é a forma de vida e de amor da Mami. Ela adora ficar muito tempo nos sítios – “assentar arraiais”- viajar durante meses. E para poder fotografar ela faz primeiro um reconhecimento de zonas, de forma intensiva. Durante dias vai ver “onde é que se come bem, o que se faz à tarde, o que se faz à noite (…) onde há aquele buffet a dois euros para comer todos os dias até cair para o lado”. Mas a sua lente demora lânguida nos mercados e nas danças com trajes típicos. Vejam a sua página onde se insurge o folclore nos chapéus e nos lenços. Ela compõe séries de fotografias com base nas cores e na dança dos povos. Mas não só.

Sobre segurança enquanto mulher a viajar? Ela refere que nem sempre tudo é seguro para se viajar sendo mulher, mas que correu tudo bem até hoje. A voz da nossa portuguesa é tão forte e assertiva que enquanto fala, parece que a vejo a fazer checkout no aeroporto de algures e a preparar, sem calmas maiores, a sua estadia bem afincada num determinado lugar, mas com o tato a ferver de máquina fotográfica na mão. Além disso, o sexto sentido que as mulheres têm. Imagine-se as viajantes que colhem sensações de tantos povos e tantas fronteiras que cruzam.

Algo me fascinou (ainda mais): ela diz que vive outras vidas sempre que ‘reside’ temporadas em diferentes países. Ela não viaja apenas, ela vive e cria rotinas nos países durante muito tempo. Ela trata assim: “ficagem mais do que uma viagem”. A Mami Pereira, por entre as suas legendas mais recentes, diz “o mundo vai acabar como um espirro”. Ora literalmente pode acontecer, mas seja como for ela não vai deixar de o inspirar até ao último fôlego. Já a estou a imaginar a rodar o globo na sua casa para perceber onde morar a seguir.

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