Fiz uma pergunta pelo Instagram sobre os souvenirs mais criativos que as pessoas trazem das suas viagens. Admirei as respostas, selecionei uma em particular: uma pessoa que traz uma peça natalícia de cada país (em que o Natal é celebrado). Amei e vocês? Nunca me ocorreu, gostava que sim pois já teria começado nessa ‘tendência’ desde há 15 anos que viajo. Por outro lado, não sou fã de pins, mas todos gostam. Também não vou nada ‘à bola’ com peles de animais trazidas do exotismo que decora o mundo.

Souvenirs esquisitos ou salteadores do mundo? O que deve ter em conta ao comprar lembranças
Comprar decorações de Natal como souvenir é uma boa ideia créditos: Unsplash

Eu sou uma caçadora de bules. Esquisito? Pois, mas quando olho para os bules, guardados num armário, fico toda orgulhosa e tenho o hábito feliz de pegar num diferente e utilizar. Até para stories temáticos. Há, frequentemente, um bule nas minhas histórias. E a razão disso: foi uma decisão empática com o formato dos bules de chá que sempre gostei. Adoro os nossos bules portugueses, sobretudo com decorações que remetem para o tempo dos meus avós. Só opto pelos de chá e não de café. O que me traz um problema no que concerne a viagens para sítios onde a prática do chá não se encontra como... Cabo Verde ou Miami. Entrei e saí de lojas mais e menos típicas para encontrar um bule de chá. Nada. Normal, na altura que fui, extremo calor não convida ninguém a tomar chá. Nem a lembrar-se disso.

Mas quando refiro bules de chá, tenho alguns critérios em conta e que podem servir como critérios para si que viaja e para qualquer lembrança que vai querer adquirir: verifico se o bule tem caraterísticas típicas do país, constato se vou utilizar de facto o bule em casa, giro por vários mercados com tempo para trazer o bule que mais me capta o olhar, analiso se estou a ser amiga do ambiente, equilibro qualidade e preço e atesto se é feito com materiais locais. Numa pesquisa internauta, reparei que não há souvenirs esquisitos na lista e nas experiências das pessoas. Esquisitos ou inusitados. Mas notei que há viajantes natos que recomendam ainda mais quanto a souvenirs que devemos trazer para casa: se é ético trazer aquele souvenir. Aqui por ética entenda-se se é legal trazer o souvenir (aves exóticas, artefactos que têm de ficar na sua origem!). Encontram uma continuação de boas dicas aqui.

Mas, ainda na questão de ‘devo ou não levar este souvenir’, pensei também noutra perspetiva. Se os souvenirs forem trabalhados por crianças, ali na minha frente num mercado algures em recônditos locais, não vou comprar. Exploração. Vi muito disto num dos lugares mais bonitos do mundo em termos de exotismo: Camboja.

Souvenirs esquisitos ou salteadores do mundo? O que deve ter em conta ao comprar lembranças
Não comprar nada que esteja a ser feito por crianças ou que envolva qualquer tipo de exploração créditos: Unsplash

Por lá e perto deste país estão as fábricas de confeção das grandes marcas de roupa e calçado. Das mãos finas e pequeninas vietnamitas, por exemplo, saem as finuras da melhor costura que aterra em Paris e Milão. Travessias longas, de mãos bonitas mal pagas que justificam preços nas nossas montras ocidentais? Tal como há tais fábricas, também as há para a confeção de souvenirs e muitos dos trabalhadores são menores. Ter atenção a isso.

Mas lá, por exemplo, têm o reverso da medalha: projeto voltado para as lojas apenas de artesanato certificado. Nesse link, acima, aparece a descrição. Visite também night markets (eu adoro! Por exemplo, o de Siem Reap e o de Hong Kong, após fazer a travessia de ferry) mas evite neles comprar (souvenirs) pois poderá surpreender-se noutros locais.

Souvenirs esquisitos ou salteadores do mundo? O que deve ter em conta ao comprar lembranças
Explorar mercados para procurar lembranças. Na foto, o Grande Bazar de Istambul créditos: Unsplash

Em Portugal, temos vários guias de souvenirs interessantes como este. Repare como o galo de Barcelos, os pasteis de Belém e as sardinhas enlatadas lá estão. E depois contrariei a perspetiva e fui ver que listas de lembranças os estrangeiros recomendam a comprar no nosso país. A cortiça destaca-se e sabia que a cortiça portuguesa é utilizada pela NASA nas suas naves para assegurar o controlo de temperatura e refrigeração. Ora já fomos donos do mundo e, afinal, fazemos parte dos donos do espaço! Mas há mais souvenirs portugueses aqui.

Outro tópico e que implica trazerem autenticidade por zero euros: fazerem o vosso próprio bule com material local, de forma ética claro. Foi o que me aconteceu, por exemplo, no Belize. Estava um coco já vazio atirado na praia, perto do lixo. Era onde ele ia parar. Gostei do formato dele e trouxe-o comigo. Hoje está dentro do armário onde miro os bules, sendo que tem uma tampa de bule verdadeira na parte do buraco onde couberam as palhinhas de turistas ou nativos. Por fora, está escrito o nome do país. Está ressequido e cada vez mais bonito o meu bule de coco.