Imagem: Parte da baía de Nápoles - créditos: Tomás Firmino Ribeiro

Muitas vezes, quando nos perguntam qual o motivo de certa viagem, respondemos que nos quisemos pôr à prova ao ser confrontados com uma ou mais realidades totalmente diferentes da nossa. Já raro é dizer que isso aconteceu no sul da Itália, ao existir uma ideia generalizada de que os países do sul da Europa diferem muito pouco entre si, seja no clima, na situação económica, ou até pela proximidade linguística. Mas acontece, basta escolhermos a forma como o fazemos.

E é por isso que este testemunho é importante. Falámos com o Tomás que, em 2019, decidiu fazer uma pausa entre o fim da sua licenciatura e a entrada no mercado de trabalho e candidatou-se a um projeto dinamizado através do programa Erasmus+ onde, durante uma semana, desenvolveu um conjunto de dinâmicas de grupo que trabalhavam a igualdade entre todas as fés e que teve lugar no sul de Itália, mais precisamente em Torre del Greco. Parte de um grupo composto por jovens de nacionalidade portuguesa, italiana, alemã, estónia e turca, viu-se a enfrentar o desconforto que o desconhecido lhe causava e a ter de pôr de parte a sua timidez ao conhecer novas pessoas.

Uma experiência destas é sempre meio caminho andado para combater medos, ideias pré-concebidas e a oportunidade perfeita para para fazer algo nunca feito anteriormente. E esse foi um dos critérios do Tomás - antes de começar a sua carreira profissional queria mesmo aventurar-se em algo fora da sua zona de conforto para se conhecer melhor e perceber o que o movia. Hoje em dia só se arrepende de não ter optado por um programa de maior duração (mas talvez esteja para breve). Os outros critérios passaram pelo tema do projeto (a fé e o respeito pelo outro independentemente das diferenças são parte do dia-a-dia do Tomás), pelos países dos elementos do grupo (tens sempre acesso ao guia do programa antes da candidatura) e pelo país de destino (Itália já estava na bucket list há algum tempo).

Vesúvio
O Vesúvio, visto de Torre del Greco créditos: Tomás Firmino Ribeiro

E é para Itália que agora vamos, partilhando algum do conhecimento que o Tomás nos transmitiu da sua experiência em Torre del Greco e das visitas que fez a Sorrento, Positano e Nápoles. Para além das dinâmicas de trabalho diárias que se concentraram em Torre del Greco, também existiu tempo livre para conhecer um pouco as zonas vizinhas, tendo sempre o Vesúvio como ponto de partida ou de chegada.

Fica um conselho - vai uns dias mais cedo, antes do programa começar, caso seja de curta duração (nos programas mais longos o espaço para tempo livre já faz parte da agenda). Em Torre del Greco (e também em Pompeia, logo ali ao lado) visita as zonas construídas sobre a lava solidificada de uma das grandes erupções do Vesúvio, como a Basílica de Santa Croce - aquilo que vês como o total do edifício (excluindo a parte nova) já foi apenas parte da torre da Basílica. E em estando num grupo jovem, não percas as fogueiras na praia à noite, bem como o fogo de artifício inesperado. A baía de Nápoles não para.

Toda a zona que compõe a baía de Nápoles está ligada por transportes públicos, ainda que bastante envelhecidos. Apanha o comboio para Sorrento ou para Nápoles e aproveita o seu lento movimento para observares tudo o que te rodeia. Não percas um minuto dessa viagem. Já em Sorrento tens autocarros para Positano, com um custo inferior aos bilhetes de autocarro em Lisboa, por exemplo. Outra ideia pode ser percorrer a baía de barco, seguindo de Sorrento para a ilha de Capri e depois partir de Capri diretamente para Nápoles também pelo mesmo meio de transporte.

Sorrento
Sorrento créditos: Tomás Firmino Ribeiro

Grande parte da experiência do Tomás foi feita em movimento, percorrendo as ruas, os mercados, as praças e as praias da maioria destes destinos.

Em Sorrento foi confrontado com muitas praias privadas (algo que começa a aparecer também em Portugal), mas sempre com estruturas de madeira disponíveis à volta para uns bons banhos de sol e com muitas banquinhas de comércio local espalhadas pelas ruas (algumas só para limoncello, claro), tentando equilibrar a experiência turística de mar com uma experiência mais local e genuína em terra.

Positano é o sítio certo para um pezinho de dança num barco, com as praias a servirem como pontos de encontro e de entrada para algumas das maiores festas na zona.

Já em Nápoles, a conversa é outra. Sendo um dos destinos de excelência para quem visita Itália, ainda não se rendeu ao turismo a 100%, mantendo o seu carácter genuíno, caótico e confuso para quem por lá passa. O trânsito é de bradar aos céus, mas os próprios italianos são os primeiros a brincar com isso - dizem que se voltares ao lugar onde estacionaste o carro umas horas antes, o vais encontrar uns quantos metros mais à frente tal não foi a quantidade de toques que foi levando. É mais comum fintar as regras do trânsito do que cumpri-las e isso faz parte do charme da cidade. Ainda assim, podes sempre ir a pé e visitares o percurso junto à baía, composto pelo Castel dell’ Ovo, pela Piazza del Plebiscito com o seu Palazzo Royale, e pela Galeria Umberto I (se já tiveres ido a Milão, identifica as semelhanças e as principais diferenças com a Galeria Vittorio Emanuele II).

Galeria Umberto I, em Nápoles
Galeria Umberto I, em Nápoles créditos: Tomás Firmino Ribeiro

Foi de curta duração, mas foi uma aventura rica em aprendizagem, em costumes locais, em que o desconhecido se tornou conhecido da noite para o dia. Os medos, esses, ficaram para trás das costas e hoje em dia, dois anos depois, o Tomás reconhece a importância que este programa teve para a sua vida profissional, onde tem de lidar com pessoas novas numa base diária. Agora já sem medos. Aproveita algumas das dicas que te deixa de seguida para que também tu possas combater os obstáculos que vão surgindo no teu caminho e para que possas dar o melhor de ti sempre. Segue também a Gap Year Portugal no Instagram para mais dicas e continua a acompanhar-nos aqui pelo SAPO Viagens.

Positano
Positano créditos: Tomás Firmino Ribeiro

Algumas dicas para aproveitares esta experiência da melhor forma

1. Este tipo de programa pode exigir alguma preparação prévia, ainda que não seja critério obrigatório. Certifica-te que lês algumas coisas sobre o tema e objetivo, e que já tens alguns recursos à disposição para consulta caso seja necessário a dado momento.

2. Como os grupos são compostos por pessoas de vários países, leva um bocadinho de Portugal contigo. O Tomás levou uns pastéis de nata para que todos pudessem provar, mas para viagens mais longas não leves perecíveis. Talvez um bocadinho de cultura, por exemplo.

3. Escolhe o programa certo para ti, tendo em conta o tema, duração e o teu contexto de vida atual. Há um investimento inicial que é reembolsado por parte da organização, por isso com algum tempo, conseguirás fazer mais do que um.

4. Não percas muito tempo a pensar no que fica por cá e aproveita ao máximo a experiência. Há programas com várias durações e aptos para cada pessoa e situação familiar.

5. Se te sentires mais confortável, tenta falar com alguém que já se tenha candidatado a um programa Erasmus+ e que te possa dar o seu testemunho, bem como algumas dicas. Entra também em contacto com associações em Portugal que tenham acordos com a Comissão Europeia (responsável pelos intercâmbios Erasmus+) e que divulguem alguns destes projetos, como a Gap Year Portugal ou o grupo Youth Opportunities PT.

Texto por: Joana Firmino Ribeiro, Voluntária na Associação Gap Year Portugal