Assim que cheguei a casa, após a aventura da embaixada, fui fazer a mala (que já é um ato automático). Às 20h rumava em direção ao aeroporto.

Ainda não vos disse mas para esta viagem vim acompanhada com a @martaabordo e, para ela, tudo tem sido uma aventura, mas também já lhe disse que as partidas não costumam ser assim tão atribuladas.

Depois de deixar a bagagem, passar pelo raio-x e por todas as medidas de segurança, lá estávamos sentadas na porta de embarque número 47 que indicava Dakar. Viajar em tempos de pandemia é tão estranho, o vazio dos corredores, o número ínfimo de voos, o silêncio em geral no aeroporto.

Estávamos lá nós, com a autorização pronta, o teste de COVID e, obviamente, o passaporte. Organizaram todos por fila e fizeram um check de todos os documentos, houve muita gente que não sabia das novas regras e não pode embarcar.

Tudo confirmado e, finalmente, estava dentro do avião! Mas, mesmo assim, ainda não 100% descansada, faltava chegar e passar pelo controlo já em Dakar.

Quatro horas de voo tranquilo, com direito a uma sandes seca e um pastel de nata ainda mais seco - nunca fui fã de comida de avião mas é o que há, portanto, come-se.

Chegámos. “Bienvenue à l'aéroport international Blaise Diagne”. Eram 3 da manhã e estavam 25 graus. Saudades de África!

Depois de preencher o formulário de entrada que nem sequer me pediram, enfim, lá estava eu no guichet a falar com o guarda da alfândega, que, felizmente, me pediu apenas o passaporte, a autorização especial, morada e não fez mais nenhuma pergunta.

Pimbas! Lá carimbou o passaporte! Ufa, respirei de alívio, mais uma vez.

Assim que saímos, já as mochilas andavam em roda nos tapetes, apanhámo-las e dirigimo-nos para a saída, antes disso, mais uma passagem pela segurança para as malas passarem raio-x.

E, finalmente, poderia dizer: cheguei, yeah! Salam Aleikum*, Senegal!

Rapidamente, caí em mim.

“Taxi?”, retorquia um senhor.

“Taxi, Madamme”, outro dizia.

“Taxi? Taxi?”

Já sei como são as chegadas em aeroportos africanos, se não estamos preparados, pode ser bastante confuso, preveni-me pois sabia que ia chegar super tarde. Já tinha alguém à nossa espera, com o papel amarrotado onde dizia “Marta Durán”, parece que sou eu!

Fomos trocando algumas palavras com Mansur, o nosso taxista, jovem, provavelmente, na casa dos 20 e ouvindo a sua música pelos longos 60 quilómetros que separam Dakar do aeroporto. Depois de uma hora, lá estávamos no apartamento alugado para os próximos quatro dias.

Viajar em tempos de pandemia: Bienvenue à Dakar. Acordar com as galinhas na capital do Senegal
créditos: Boleias da Marta

Eram 5 da manhã quando nos deitámos, com o ritmo da viagem, a ansiedade e a excitação, demorei a adormecer e quando estava prestes a fechar o olho eis que Allahu akbar** soa em voz alta através dos megafones! Havia uma mesquita mesmo ao lado do apartamento, portanto, já sabia que todos os dias pelas 6 da manhã tinha despertador garantido. Para não falar das galinhas que ainda antes das 6 já estão de pé a cacarejar. É caso para dizer que me vou levantar mesmo com as galinhas.

Achava que no dia seguinte acordaria às duas da tarde, pelo cansaço. Mas não, por volta das 10h já estava de olho aberto e pronta para começar o dia.

Saímos de casa e que lufada de ar… quente! Muito QUENTE! Como se eu não soubesse. Um misto de saudade correu-me nas veias, mas logo após os primeiros quilómetros a caminhar, lembrei-me o quão difícil era voltar a habituar-me a estas condições.

Tenho uma lista de tarefas bem grande para Dakar: visitar hotéis, testar restaurantes, explorar as ruas, visitar os monumentos, encontrar-me com operadores locais. Os próximos quatro dias iam ser atarefados.

Viajar em tempos de pandemia: Bienvenue à Dakar. Acordar com as galinhas na capital do Senegal
créditos: Boleias da Marta

Dakar é a capital do Senegal, considerada a segunda cidade do mundo mais poluída, também uma cidade sobrelotada, a capital financeira de África Oeste, rodeada de mar, tem tanto de bela como de caótica. Uma mistura de etnias, religiões, nacionalidades que convivem em harmonia nesta grande cidade. O maior desafio? Conhecê-la bem, apaixonar-me e fazer apaixonar.

Se queres acompanhar esta viagem taco a taco segue-me no Instagram : @boleiasdamarta.

Para embarcares para o ano nesta viagem comigo sabe tudo aqui.

*Que a paz esteja sobre vós é uma expressão de cumprimento utilizada por muçulmanos.

**Deus é grande ou Allah é grande