Viver na Cidade do Cabo é caminhar pelas avenidas amplas, modernas e organizadas, com hotéis de 5 estrelas e arranha-céus que tapam o Sol do distrito de negócios. É também caminhar por ruas estreitas com espírito bairrista, cheias de bares e mercados hipster, passeios com esplanadas animadas e graffiti nas paredes. E é ainda caminhar pelas ruas pedonais do centro, com os mercados de artesanato mais “africanos” que se juntam a igrejas anglicanas.

Viver na Cidade da Natureza

Viver na Cidade do Cabo é não conseguir deixar de ficar impressionado cada vez que o virar de uma esquina (e acontece muitas vezes) nos permite uma vista limpa para a Table Mountain. Esta montanha é um dos ícones da cidade, não só pela sua altura – eleva-se a 1084 metros acima do mar -, mas principalmente pelo seu formato peculiar. Ao contrário da habitual forma piramidal das montanhas, esta não tem um vértice no topo, formando, pelo contrário, um planalto muito extenso. Da cidade vê-se uma montanha com um topo quase reto, que terá feito lembrar uma mesa (table) aos antigos descobridores portugueses.

Viver na Cidade do Cabo é, na verdade, estar quase sempre rodeado de montanhas. Quando a esquina não nos permite contemplar a “mesa”, temos ainda o Devil’s Peak (este bem mais piramidal), a Lion’s Head e a Signal Hill, erguendo-se sobre nós e, muitas vezes, todos ao mesmo tempo.

Table Mountain
A Table Mountain domina o horizonte da Cidade do Cabo. créditos: Projeto Prá Frente

Viver na Cidade do Cabo só não é estar sempre rodeado de montanhas porque no resto do nosso campo de visão temos o Oceano Atlântico. À volta da cidade formam-se várias baías com praias de água fria (pelo menos agora, que estamos no Inverno), sempre cheias de surfistas e pequenos bairros com promenades movimentadas e vivendas em cima da praia. É o caso, por exemplo, de Camps Bay, Hout Bay ou Sea Point.

Viver na Cidade do Cabo é ir ao Company’s Garden ver esquilos albinos a trepar às árvores com a Table Mountain por trás e ir ao Green Point Park ver lontras e campos de golfe.

Viver na Cidade do Cabo é ir à praia e poder partilhá-la com pinguins. A Boulders Beach, em Simon’s Town, é a casa de centenas ou milhares de pinguins e por uma pequena contribuição podemos passar lá uma tarde única.

Viver na Cidade da Aventura

Viver na Cidade do Cabo é aprender a surfar na praia de Muizenberg. Sendo esta a praia mais apropriada para os iniciantes, com um mar de ondas perfeitas e regulares, escolas de surf não faltam e pranchas no mar também não.

Viver na Cidade do Cabo é subir às montanhas que vemos constantemente. É fazer o trilho da Lion’s Head e os vários trilhos do Parque Nacional da Table Mountain. Passam-se florestas e rios e escalam-se rochas até chegar aos topos, de onde há vistas para todos os cantos da cidade, sempre diferentes, sempre assombrosas.

Boulders Beach, em Simon’s Town
Uma colónia de Pinguins-africanos é a maior atração da Boulders Beach, na costa leste da Península do Cabo. créditos: Projeto Prá Frente

Viver na Cidade do Cabo é conduzir na magnífica estrada sinuosa da península do Cabo, em pleno Parque Nacional. É, no fim, subir ao farol do Cape Point e contemplar a própria península que, estando colada ao centro da cidade, se estende depois por dezenas de quilómetros.

Viver na Cidade da Cultura

Viver na Cidade do Cabo é, obviamente, ir ao Cabo da Boa Esperança. É molhar os pés na água do ponto mais sudoeste do continente africano e relembrar toda a história dos descobrimentos portugueses, as tormentas que os navegadores passaram para cruzar este ponto e as lendas criadas. Não é por acaso que esta é A Cidade do Cabo.

Viver na Cidade do Cabo é visitar a Robben Island. Conhecida pelas prisões e por ter sido um local de exílio para leprosos (e não só) por muito tempo, tem uma das mais importantes prisões políticas da época do Apartheid. Nelson Mandela esteve aqui preso durante 18 anos e viver na Cidade do Cabo é também conhecer um pouco desta parte da história, partilhada precisamente por um ex-prisioneiro.

Viver na Cidade do Cabo é passear pelo histórico bairro Bo-Kaap, de origem malaia, com as suas fotogénicas casas às cores. É apreciar a arte urbana em Woodstock. É cheirar a maresia nas promenades de Sea Point e de Green Point e o marisco caro dos restaurantes em cima da marina da V&A Waterfront.

Viver na Cidade do Cabo é ir ao museu do District 6, também sobre o Apartheid, e ao Museu Africano de Arte Contemporânea. É ainda ir ao Two Oceans Aquarium ver tubarões, raias e peixes-palhaço e aprender sobre o seu programa de resgate de tartarugas.

Viver na Cidade dos Mercados

Viver na Cidade do Cabo é provar shakshuka, crepes tailandeses e pastéis de nata no mercado do Old Biscuit Mill. É ir ao mercado da Greenmarket Square comprar artesanato e souvenirs locais.

Viver na Cidade do Cabo é ir ao mercado da Grand Parade comprar roupa em segunda mão e almoçar, mas não conseguir decidir qual das dez bancas de street food escolher, nem o que comer – se hambúrgueres, cachorros, “Gatsbys” (sandes de dimensão enorme usualmente com carne, batatas fritas, legumes e ovo), tostas, wraps, ou o tradicional fish and chips. É terminar a refeição com koeksisters, um famoso doce sul-africano que lembra uma bola de Berlim com cobertura de côco. É, por fim, almoçar a contemplar a imponente câmara municipal da cidade, ou o Castelo da Boa Esperança, um forte do século XVII.

Bo-Kaap
histórico bairro Bo-Kaap, de origem malaia, com as suas fotogénicas casas às cores créditos: Projeto Prá Frente

Viver na Cidade do Cabo é ir ao Eastern Food Bazaar e mais uma vez não conseguir escolher, dentro de tantas opções de comida oriental. É entrar no “bazar” deliciado com os cheiros que emanam e sair deliciado com os sabores das enormes porções que nos serviram.

Viver na Cidade do Entretenimento

Viver na Cidade do Cabo é ir ver um jogo de rugby (o desporto nacional) a um dos estádios  construídos para o Mundial de Futebol de 2010 e apoiar a equipa local, os Stormers.

Viver na Cidade do Cabo é jogar xadrez de rua em tamanho gigante contra uma criança de 10 anos.

Sea Point
A baía de Sea Point, na Cidade do Cabo, vista de Lion's Head. créditos: Projeto Prá Frente

Viver na Cidade do Cabo é ir sair à noite com os locais. É começar nos bares baratos da interminável Long Street e ir a pé até às discotecas de estilo internacional.

Viver na Cidade do Cabo é conhecer o homem do Bangladesh que nos serve a “Gatsby”, o queniano com quem trabalhamos, o congolês que conduz o nosso Uber, os homens do Zimbabwe que trabalham no hostel e os europeus que lá dormem. Viver na Cidade do Cabo é acabar amigo de todos eles e de muitos mais.

Viver na Cidade do Cabo é, por fim (e no fim), escrever uma lista interminável de tudo o que fizemos em 1 mês e sentir que temos de voltar, para escrevermos mais listas deste tamanho.

Projeto Prá frente

O Projeto Prá Frente foi criado por dois jovens engenheiros, com a intenção de conhecer (e partilhar) uma perspetiva completa do Sudeste Africano, focando-se não só no seu património deslumbrante, mas também nas suas pessoas e naquilo que tem para oferecer para o futuro.

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