Quando olhamos para as fotografias da Serra da Estrela captadas por Manuel Ferreira é impossível conter o espanto pela beleza e singularidade das paisagens. E não é apenas o lugar que entra nesta equação, o olhar do fotógrafo faz toda a diferença.

Nascido em Folgosinho, “de raízes nas profundezas da Serra da Estrela, alia o gosto pelas paisagens da montanha aos registos fotográficos que vai realizando aquando das suas incursões, tendo como aliados à sua proximidade ao meio e o seu conhecimento científico, proveniente da licenciatura em geografia”, assim se apresenta o fotógrafo.

A fotografia ficou durante uns tempos em segundo plano na sua vida até que “por acaso”, quando teve de ser fotógrafo na cobertura de um serviço, o apelo pela imagem voltou a falar mais alto.

“Em 2014, ganhei o primeiro prémio num concurso de fotografia sobre a Serra da Estrela, originando a motivação para tudo o que veio a seguir: dois anos de colaboração exclusiva com o projeto de candidatura ao Geopark Estrela, organização de alguns workshops, diversos prémios em concursos nacionais e internacionais, colaboração em projetos científicos na área da história e arqueologia da região e formação na Escola Profissional da Serra da Estrela”, conta ao SAPO Viagens.

Desde então, construiu um banco de imagens de, aproximadamente, 30 mil fotografias, das quais 7 mil editadas. É o resultado de anos a fotografar “com alma o coração da serra”. "Durante as quatro estações, ao longo das 24 horas do dia, da extremidade Este ao ponto mais a Sul da Serra, dos 35ºC aos -10ºC". Através do Facebook e do Instagram conseguimos entrar este mundo mágico captado por Manuel.

No site do fotógrafo, encontramos portefólios de vários pontos da Estrela – Covão d’Ametade, Lagoa Comprida, Penhas Douradas, Vale do Rossim, entre outros. Todas as imagens contam com coordenadas de geolocalização para que seja mais fácil lá chegar, até porque Manuel vai recebendo muitas mensagens sobre os lugares que retrata.

Com o inverno a aproximar-se a passos largos também se aproxima a temporada alta do turismo na cadeia montanhosa mais alta de Portugal continental que, no entanto, atrai cada vez mais pessoas durante as quatro estações.

“Tem-se verificado nos últimos anos e, principalmente, desde o início da crise pandémica, que o turismo de natureza e a procura de lugares mais isolados aumentou, traduzindo-se num número significativo de visitantes à região, ao longo das diversas estações do ano”, considera.

Por falar em estações do ano, o outono e o inverno são as duas épocas que mais fascinam Manuel Ferreira. “Como disse Carlos Drummond de Andrade ‘…o outono é mais estação da alma do que da natureza’, mostrando-nos que as cores da natureza nesta altura do ano, para além de colorirem os píxeis da fotografia, preenchem-nos a alma”. Na galeria de fotos acima, estão algumas imagens recentes do outono na Serra.

Manuel Ferreira: o fotógrafo que captura a alma e o coração da Serra da Estrela
créditos: Manuel Ferreira

“Há duas épocas que me fascinam, o outono pela diversidade de tons que as encostas da montanha adquirem e o brotar do reino fungi nas zonas mais húmidas, e o inverno na expetativa de que em alguns dias de meteorologia mais agreste se criem cenários únicos, que permitam fazer trabalhos distintos de qualquer outro lugar de Portugal”, explica.

Fica o convite para inspirar-se no trabalho deste fotógrafo e explorar esta região singular. “A Serra da Estrela, com ou sem máquina fotográfica, é sempre inspiradora, não só pelos lugares e paisagens ‘sui generis’, mas principalmente pela dinâmica que a luz adquire em contacto com o relevo montanhoso, proporcionando fotografias únicas e de rara beleza”, conclui.