Este fenómeno único no mundo acontece na aldeia da Castanheira, em pleno planalto da Serra da Freita, no concelho de Arouca e é um dos geossítios mais emblemáticos do Arouca Geopark. Do ponto de vista geológico, a rocha designa-se "granito nodular da Castanheira" e estende-se por uma área de cerca de 1 km2.

Por ação da erosão, alguns nódulos libertam-se da "pedra-mãe" e acumulam-se no solo, deixando no granito uma cavidade. É por isso que os habitantes da aldeia da Castanheira chamaram a esta rocha "Pedra Parideira", por ser "a pedra que pare pedra".

Em 1751, é descrito pela primeira vez este fenómeno no "Dicionário Geográfico", pelo Padre Luiz Cardoso, que o descreve tendo por base os relatos dos  habitantes:

Penhascos a que os naturais chamam as Pedras que parem, deduzindo-lhe o nome de que estas pedras lançam outras pedrinhas pequenas em certos meses do ano, ficando-lhes as covas depois de as lançarem
Pedras Parideiras Arouca Geopark

"Na verdade, as rochas não são seres vivos como as plantas ou animais. Assim, será necessário contactar com as explicações sobre a dinâmica terrestre e o ciclo das rochas, para compreender como se "desprendem" os nódulos, deixando uma marca escura, qual a sua relação com a rocha granítica ou, até, refletir sobre a composição dos nódulos", explicou ao SAPO Viagens a geóloga Alexandra Paz, responsável pela Casa das Pedras Parideiras, no Arouca Geopark.

Um fenómeno  único do mundo que não está completamente explicado

"Até ao momento, não há evidências científicas da existência, noutra parte do mundo, de outra rocha magmática intrusiva com as mesmas características do Granito Nodular da Castanheira, rocha que o povo apelidou de Pedras Parideiras. Do ponto de vista geológico é uma rocha com características muito especiais e extremamente complexas, não havendo um consenso na comunidade científica sobre a formação das particularidades que esta rocha  granítica nos apresenta", explica Alexandra Paz.

As Pedras Parideiras são um dos 41 geossítios do Arouca Geopark que, pelas suas características científicas distintivas no panorama mundial, fazem com que esteja classificado como geossítio de relevância internacional, no entanto o fenómeno pode passar despercebido, já que "a simples observação dos afloramentos rochosos não permitirá a perceção e compreensão efetiva deste fenómeno geológico", avisa Alexandra Paz.

créditos: Arouca Geopark

"Tal como quando observamos um monumento histórico-cultural, uma paisagem ou uma peça de arte, para conhecer com maior detalhe o fenómeno geológico 'Pedras Parideiras' é necessário complementar a visita com a leitura dos painéis interpretativos existentes no local, realizar a visita guiada na Casa das Pedras Parideiras – Centro de Interpretação e/ou consultar a informação disponível sobre este local no guia 'Rota dos Geossítios do Arouca Geopark'."

Nesta região, as Pedras Parideiras são consideradas pelos anciãos da região como elementos da fertilidade. As populações locais acreditavam que  colocar uma das pequenas pedras-filhas debaixo da almofada de dormir, podia aumentar a fertilidade.

Arouca Geopark

Ao realizar a visita guiada à Casa das Pedras Parideiras, aberta ao público desde 2012, os visitantes podem conhecer os pormenores da formação da rocha granítica que conta já 320 milhões de anos e os processos que originam o desprendimento dos nódulos e que motivaram a sua designação popular. Além disso podem também conhecer as estórias das gentes que habitaram e que habitam a Serra da Freita. Mensalmente, realizam-se atividades diversificadas, tais como ateliês, percursos pedestres, entre outras que permitem conhecer melhor os valores naturais e culturais da área. A Casa das Pedras Parideiras  está aberta diariamente das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00.

Numa visita às Pedras Parideiras pode também visitar o Piso Panorâmico do Radar Meteorológico de Arouca, os Miradouros da Frecha da Mizarela e do Detrelo da Malhada, a Estação da Biodiversidade do Merujal, as Pedras Boroas ou fazer um dos percursos pedestres (no planalto da Serra da Freita existem três) e que levam a conhecer pontos da Serra da Freita inacessíveis de carro.

Publicado originalmente a 7 de fevereiro de 2020.

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