O C&H foi visitar algumas das cidades, vilas e aldeias da região e conta-lhe tudo. Prepare o seu bloco de notas, reserve tempo na sua agenda e parta à aventura. A Beira Baixa é mesmo aqui ao lado!

A natureza

Comecemos por onde a interferência dos Homens não influiu. As paisagens naturais a perder de vista, o ar puro, a água cristalina, os socalcos e encostas onde cada dádiva da natureza é um presente e cada recanto, guarda uma história ansiosa por ser partilhada.

Em S.Pedro de Vir-a-Corça, «o mais belo segredo de Monsanto», deixe-se encantar pelas lendas e histórias que as escarpas encerram, visite a ermida de fundação templária e a gruta de santo Amador, saiba mais sobre o animal sagrado dos lusitanos (corça) e esteja certo de que partirá de lá com mais interrogações do que respostas, mas com a absoluta certeza de ter pisado um solo mágico e sagrado, com a vasta campina da Idanha a abrir novos horizontes.

Os parques aquáticos e praias fluviais da região são verdadeiros recantos de tranquilidade, magia e diversão. O convite certo para enfrentar os dias de calor.

Proença-a-Nova, entre zonas balneares, praias fluviais e ribeiras, “esconde” maravilhosas aldeias de xisto, como a aldeia da Figueira, onde cerca de 10 aldeões, a maioria das quais com mais de 90 anos, não permitem que a história se desvaneça nas teias do tempo e reescrevem memórias na preservação e reabilitação das suas casas e na arte de bem-receber.

Impõe-se percorrer as quelhas das aldeias – só assim se percebe o quão difíceis eram as condições de vida dos habitantes e, no entanto, como algo de tão árduo e inóspito resulta, nos dias que correm, em recantos de ímpar beleza, tranquilidade e hospitalidade.

Beira baixa
créditos: CH

A aventura

O espaço convida a passeios e descobertas, a atividades ao ar livre e a explorações sem hora marcada.

Os percursos terrestres e trilhos de Proença-a-Nova, sob o slogan, “o sítio certo no centro do encanto” são ótimos para ir à descoberta do território. Pontuados por miradouros e geossítios, os passeios na natureza permitem, através das rotas definidas, conhecer os monumentos megalíticos, as mamoas, as conheiras, as pontes romanas e viajar, sem tempo, pelas aldeias de xisto ou pelos vestígios das invasões francesas, que nos lembram o quanto fomos (e somos) grandes.

Na Serra das Talhadas o percurso termina (ou começa) na Torre de Vigia, obra do arquiteto Siza Vieira, inaugurada em 2021, mas antes disso, existem uma variedade de setores, cada um deles, com propostas de atividades que conjugam aventura e natureza no tempo certo: caminhos e trilhos pedestres, pistas de BTT, saída para parapente, via ferrata ou escalada são algumas das propostas apresentadas.

Em Vila Velha de Ródão, um passeio de barco nas tranquilas águas do Tejo, com passagem pelas Portas de Ródão, é ideal para observar os grifos, relaxar e retemperar forças para os caminhos porvir.

beira baixa

A arte e o património

A História e o Património fundem-se com as paisagens naturais, onde cada marco vai construíndo uma imensa colcha de retalhos, “bordada” pelas mãos dos que aqui passaram e contribuíram, de forma mais ou menos direta, para a criação de uma região única, diversificada e identitária.

Numa manifestação de arte mais contemporânea, os murais de Proença-a-Nova ou de Castelo Branco são verdadeiros convites a mergulhos na história.

Castelo Branco, «entre as serranias e a planura», mescla, nos seus museus, passado e presente, como o são o Museu Cargaleiro ou o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, entre a rota do bordado e a rota contemporânea, que sintetizam, de forma peculiar, quão artístico e moderno os espaços podem ser.

O Castelo (ou a ausência do mesmo) não retira a imponência do lugar ou os vestígios do que um dia foi. As pedras do Castelo foram dadas aos albicastrenses para construírem as suas casas, numa época de fome, sede e cansaço. As condições de vida agrestes, amenizadas pelo erguer de novos muros, com pedras que um dia foram castelo, são também reflexo de identidade e ajudam a explicar a superação de um povo, mesmo quando se reescreve a História “destruindo” o que um dia foi presente.

A capital da Beira Baixa acolhe o maravilhoso e ímpar Jardim do Paço Episcopal. À falta de adjetivos mais nobres, impõe-se uma visita ao Centro de Interpretação do Jardim do Paço. Curiosamente o espaço foi mandado construir por D.João de Mendonça, primeiro Bispo de Castelo Branco, para manter, entre ele e o povo, a distância que velhos hábitos clericais impunham. O motivo poderá, aos nossos olhos e à luz de hoje, parecer megalómano, mas o resultado é nada mais que brilhante. Com 94 estátuas de granito, dedicadas aos continentes, signos ou santos; intermináveis alamedas, em três pisos, com fontes, um lago encimado pela cascata de Moisés; escadarias temáticas, este jardim inspirado nos jardins barrocos da época é ponto de paragem mandatório.