Comecei a caminhada no Rossio, em direção ao Pelourinho quinhentista, classificado como Monumento Nacional. Passei pelo Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, que já tinha visitado, e subi as escadarias até chegar a um arco – a Porta do Sol ou Porta da Frandina —, uma das portas principais da cerca medieval mandada construir por D. Afonso III em 1261.

Um pouco mais à frente, do lado esquerdo, passei por uma loja de antiguidades e depois vi a antiga cadeia manuelina (hoje um restaurante). Em poucos passos cheguei à antiga Armaria Real de D. João V, agora transformada em Pousada (atualmente encerrada). Junto a ela, ergue-se a imponente Torre de Menagem que nos recorda a importância estratégica da cidade.

"Estremoz" dizem, deriva de "estrema" que significa fronteira ou linha divisória entre dois domínios militares. Desempenhou um papel importante nas lutas contra os mouros e era considerada uma das "vilas mais nobres do reino”. A sua localização estratégica foi também essencial ao longo da Restauração e um reduto da resistência contra os espanhóis. Foi desta terra que D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, partiu para a famosa Batalha dos Atoleiros, onde Portugal, com um pequeno exército, conseguiu em poucas horas, derrotar os poderosos castelhanos e garantir a independência nos anos críticos de 1383-1385.

Entardecer em Estremoz
créditos: Travellight

Em Estremoz ocorreram muitos momentos marcantes da História de Portugal, e um em particular envolveu a Rainha Santa Isabel, que tinha por hábito passar longos períodos nesta povoação e aqui faleceu.

Em 1336, já retirada da vida pública no mosteiro de Santa-Clara-a-Velha em Coimbra, D. Isabel, a viúva do rei D. Dinis e mãe do rei Afonso IV, deslocou-se a Estremoz para mediar a paz entre o seu filho e o rei de Castela, Afonso XI, que se preparava para entrar em conflito armado. D. Isabel tentou restabelecer a paz entre os dois reinos através da sua engenhosa e generosa diplomacia, mas o esforço, infelizmente, foi demais para ela que já se encontrava doente, e pouco depois morreu.

Hoje, uma estátua na praça do Castelo homenageia a Rainha Santa e no castelo, os quartos outrora ocupados por Isabel de Aragão no século XIV foram transformados em capela forrada a mármore, onde pinturas a óleo e azulejos, contam momentos da vida da rainha e os milagres a esta atribuídos.

Perto da Capela está ainda o Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho, que possui um notável espólio arqueológico e etnográfico e à esquerda da Torre da Menagem podemos ver a Igreja de Santa Maria, uma das obras religiosas mais importantes do fim da Renascença no Alentejo e o Paço de Audiências de D. Dinis que apresenta o brasão de armas de Estremoz, do reinado de D. Afonso IV, em cima da entrada (atual Galeria de Desenho).

Descendo o Arco de Santarém, a meio da Rua Direita, pude ver os Quartéis, mandados construir por D. João IV e a Igreja de Santiago, que estava fechada. Continuando a descer cheguei à Fonte do Espírito Santo e à Torre das Couraças, obra medieval que protegia o principal poço abastecedor do Castelo.

Mais uns passos e vi o Lago do Gadanha, um dos ex-líbris da cidade.

O imponente lago, com cerca de 40 metros de comprimento foi mandado construir pelo Senado de Estremoz e aproveita uma das mais importantes nascentes da zona baixa da cidade — a nascente da Fonte Nova.

Entardecer em Estremoz
créditos: Travellight

A conhecida estátua do “Gadanha”, que simboliza o efémero e a fugacidade da vida, é originária do Convento dos Congregados, e foi transposta para o centro do lago apenas em meados do século XIX.

Parte do Convento dos Congregados de S. Filipe de Nery, onde hoje funciona a Câmara Municipal, pode ainda ser visitado, nomeadamente a entrada e as escadarias que estão decoradas com azulejos do séc. XVIII.

Do seu lado oriental, vale também a pena ver a Ermida do Santo Cristo e o Convento de S. João da Penitência ou das Maltesas — único convento feminino da Ordem de Malta, fundado no séc. XVI, que mais tarde abrigou o Hospital da Misericórdia e hoje abriga o Polo da Universidade de Évora e o Centro de Ciência Viva.

O Mercadinho de Estremoz “obrigou-me” a um desvio antes de seguir para a minha última paragem - a Igreja e Convento de S. Francisco, fundado no séc. XIII, onde se destacam três grandes obras: a Capela de D. Fradique de Portugal; o Túmulo de Vasco Esteves de Gata e a Árvore de Jessé do séc. XVII.

Quando saí da igreja, já a noite tinha caído... Era hora de me despedir de Estremoz.

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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World

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