Ponte Filipina do Cabril (foto: Paulo Soares)

Que as escapadinhas ou férias não nos levem apenas rumo ao sul! Portugal é um país pequeno, dizem, mas quanto há ainda por descobrir?

Com os olhos postos nas Beiras, fomos (vi)ver algumas das imensas propostas e ofertas que a Sertã, algumas das suas freguesias e vilas limítrofes têm para oferecer aos seus visitantes. Auxiliados pela vasta informação disponível no site oficial do município da Sertã, mergulhamos nas águas do Zêzere e deixamo-nos levar pelos sentidos, apurados pela imensidão do vasto património natural, histórico e cultural.

Natureza, em estado puro

Os trilhos nas margens do Zêzere, em Pedrógão Pequeno, são um convite à evasão e ao despojo. Abandonando o supérfluo ou a agitação do quotidiano, percebemos quão pequenos somos quando comparados com a indescritível e inolvidável beleza natural que nos cerca.

Das rotas aos percursos pedestres, a experiência de percorrer o vale do Cabril, calcorrear as margens do rio, contemplar a flora e a fauna são um irrecusável convite para conhecer melhor a região.

Os trilhos estão devidamente identificados e cada um deles esconde segredos únicos e inesperados. Entre maciços xistosos, por calçada ou terra batida, ao som das aves que nos guiam ou das águas que nos acalmam, serenam-se os passos a cada passo, num verde a perder de vista e num azul de água e céu que nos abraça.

A imponente Barragem do Cabril e a prática e gigantesca Ponte do IC8 são permeadas pela histórica e bela Ponte Filipina, edificada entre 1607 e 1610. É exatamente aí que percebemos o quanto evoluímos em poucos séculos, o quanto a arquitetura e as exigências se desenvolveram e modificaram, mas que o engenho e a arte não têm idade, sempre fizeram parte da condição humana.

Pelo caminho, o túnel refrescante, um ótimo aliado para os dias quentes de verão, e a simplicidade da Ponte da Levada, rumo ao Moinho das Freiras, cuja paisagem nos arrebata são tónicos mais do que suficientes para seguir viagem.

EN2
A estrada nacional 2

A Sertã oferece sete percursos pedestres, geocaching, a Rota Botânica “Territórios 5 Sentidos” e a Rota da Estrada Nacional 2, numa intensa oferta de território a descobrir.

As praias fluviais são outro dos atrativos da região e também neste quesito não faltam possibilidades, de entre eles, a Praia Fluvial da Ribeira Grande, situada em pleno coração da vila sertaginense, completamente estruturada e equipada ou a Praia de Trízio, com um leque de modalidades desportivas aquáticas.

A ação do homem, em pequenas doses interventivas, permite que a região apresenta uma panóplia de atividades ao ar livre, dos destacados percursos pedestres aos desportos náuticos, passando pelas rotas de BTT, escalada, canyoning ou kartcross. Uma coisa é certa: o tédio não entra nesta equação!

Praia Fluvial da Ribeira Grande
Praia fluvial do Mosteiro, em Pedrógão Grande. créditos: Paulo Soares

Do outro lado do rio, noutro distrito e noutra província, em Pedrógão Grande, as praias de Cabril, Mega e Mosteiro são também elas tesouros, numa mescla de natureza, ruralidade e comodidade, com a albufeira e as ribeiras devidamente equipadas para acolher os veraneantes.

Descobrir as Aldeias do Xisto

As Aldeias do Xisto são um património singular, que novas rotas e promoções deram (e dão) o devido abono - Ainda bem!

O que nos parece, hoje, de uma beleza rara e de uma paisagem harmoniosa, resulta das difíceis condições de vida de outrora e da dureza do campo e da terra. Talvez, (também) por isso, as avistamos com a reverência que merecem. São bem mais do que simples paredes erguidas! Entre levadas, moinhos, azenhas, lagares e regadios somos transportados para outra época. Uma era sem tempo e, no entanto, onde tanto tempo passou.

Exemplo disso é a acolhedora vila de Pedrógão Pequeno, com epicentro no Mercado Municipal, cujas vias e vielas nos guiam rumo a edifícios seculares, como a Igreja Matriz ou a Capela de Nossa Senhora da Confiança.

Em Leiria, a aldeia do Mosteiro, em Pedrógão Grande ou a aldeia do Casal de São Simão, em Figueiró dos Vinhos, são também elas verdadeiros paraísos.

O Património Histórico

Do mais antigo ao mais recente, a Sertã combina religião, cultura e história de uma forma peculiar e encantadora.

Do Castelo de cinco quinas avista-se parte do concelho e a imensidão a perder de vista retempera as energias da subida. Um passeio pela Alameda da Carvalha, com as suas imponentes árvores centenárias e o Lagar de Vara, réplica de um lagar de azeite ou a Ponte Filipina são spots imperdíveis. Como imperdível é uma visita ao edifício dos Paços do Concelho, uma obra imponente do século XX.

Castelo da Sertã
O Castelo da Sertã com as suas cinco quinas. créditos: Paulo Soares

Impõem-se visitas ao Núcleo Museológico e Oficina de Artesanato da Sertã  ou à Casa da Cultura da Sertã, para saber mais sobre a história sertaginense, sem olvidar a lenda de Celinda, que afinal dá nome à vila.

Igrejas e Capelas seculares fazem parte do périplo cultural e religioso, como a maravilhosa Igreja Matriz, datada de 1404 ou a Capela de Santo Amaro, de origem quinhentista.

Banhada pela Ribeira da Sertã e pela Ribeira do Amioso, as pontes, mais ou menos recentes, são pontos de interesse que unem não só a sede de concelho, mas “metaforicamente” convidam os visitantes a criarem pontes e pontos de união.

A gastronomia

É sempre tão difícil saber por onde começar!

Neste caso, talvez o princípio esteja no maranho, celebrado aliás anualmente no Festival de Gastronomia do Maranho. Sopa de peixe, bucho ou cabrito estonado são outras das iguarias servidas divinamente na região.

Uma ode aos pratos mais recentes nas mesas portuguesas, o caracol é celebrado, com um leque de receitas, no Festival do Caracol, em Cernache do Bonjardim.

Os doces tradicionais passam pelos cartuchos de Cernache, os Coscoréis ou as Bonecas de Palhais, todos eles envoltos em curiosas lendas e ingredientes secretos. Verdadeiras Maravilhas Doces de Portugal!