"Podemos concluir que os hotéis com jogo estiveram quase lotados e aqueles que baixaram os preços tiveram uma taxa de ocupação de mais de 90% ao longo de três dias", disse o vice-presidente da Associação de Hotéis de Macau, Rutger Verschuren, referindo-se ao período entre sexta-feira e domingo.

A rígida política de 'zero covid', adotada pela China, incluindo pelas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, limitou ao longo de quase três anos a circulação de turistas.

Na sequência da abertura de Macau, após a pandemia de covid-19, o Governo propôs-se diversificar a economia e turismo locais, profundamente dependentes do jogo, tendo inclusive exigido às operadoras que exploram os casinos para apostarem em elementos não-jogo e noutros mercados de visitantes além da China continental.

"A maior parte dos hotéis que não têm jogo não estavam cheios", acrescentou Verschuren, indicando que a taxa de ocupação variou "entre 60% e 80%".

O responsável admitiu que os turistas que visitam Macau vêm para jogar, embora os resorts integrados com casinos tenham flexibilizado as regras, "de modo que mesmo turistas com pequenos registos de jogo possam usufruir de quartos complementares", ou seja, quartos habitualmente oferecidos a clientes de quem se espera que gerem receitas de jogo.

Uma tendência, aliás, que se mantém, ainda de acordo com o responsável, com os resorts integrados a "convidarem, como é habitual" durante os feriados e fins de semana prolongados "os seus clientes para jogarem" e "encherem agressivamente os quartos para aumentarem as receitas do jogo".

De acordo com dados publicados hoje pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, entraram em Macau entre 05 e 10 de abril 481.765 visitantes, um número superior ao da semana do ano novo lunar (451 mil pessoas), principal festividade chinesa, este ano entre 22 e 28 de janeiro.

Apesar dos valores otimistas, o vice-presidente da associação referiu que uma "grande percentagem, bem mais de 50%" são pessoas que só passam apenas o dia em Macau.

Para reverter esta tendência e "incentivar visitantes a pernoitar" na região administrativa, a Direção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau lançou, a partir de segunda-feira e até 30 de junho, a segunda fase do programa que prevê descontos para residentes de Hong Kong na compra de bilhetes de autocarros ou de 'ferries'.

A promoção "compre um bilhete de ida e receba um de regresso" contempla agora visitantes internacionais, disse a DST em comunicado.

Segundo apontou ainda Rutger Verschuren à Lusa, os hotéis do território ainda não operam a 100%, com falta de funcionários "em departamentos operacionais, como na limpeza ou comidas e bebidas".

"Além de terem funcionários a fazerem horas extraordinárias", constatou.

Ao longo dos três anos de pandemia de covid-19, a região chinesa perdeu dezenas de milhares de trabalhadores não-residentes.