Acredito que como gappers temos o dever, mas também o privilégio, de tornar os sonhos de futuros gappers em realidade. O nosso papel é inspirar e de alguma forma, orientar. Queremos que estes sejam donos de si próprios e que compreendam que cada um tem o seu próprio caminho e ninguém o vai escolher melhor do que eles.

O meu processo de planeamento, como pessoa excessivamente organizada e simultaneamente caótica que sou, envolveu muita pesquisa e brainstorming que se materializou num infinito mar de papéis e separadores abertos. O objetivo era simples: esboçar uma ideia flexível e adaptável daquilo que queria fazer durante o gap year, respondendo aos famosos: quando? como? onde?

Por norma, divido grandes missões em partes. Neste caso, decompus o planeamento desta epopeia em cinco passos essenciais.

O primeiro e também o mais fácil, é decidir “o quê?”, ou seja, o que quero fazer? Que tipo de projeto gap year me faz mais sentido?

Comecei pelo tempo. Quanto tempo tenho? Decidi à partida que o meu gap year teria a duração de 8 meses. Após escolher dois grandes focos - cursos e voluntariado - comecei a esboçar um plano, feito à minha medida, que se encaixasse nessa duração. Dentro de tantas escolhas, decidi-me pelo voluntariado comunitário e educacional e consequentemente, listei todas as opções nessa área, assim como os cursos que gostaria de realizar.

A segunda etapa é mais intuitiva: onde quero ir? Nem todos os gap years envolvem gigantescas viagens de 6 meses, ou mais, num recanto inexplorado do planeta. E no que toca a opções de destino, o mundo felizmente está cheio delas!

É nesta fase que importa decidir se querem fazer o vosso gap year em Portugal, no estrangeiro ou um misto. No meu caso, essa escolha iria determinar a resposta a várias perguntas importantes - com que organizações quero ter as experiências de voluntariado? Onde quero fazer os cursos e formações?

Após listar vários itinerários completamente diferentes e refletir sobre os prós e contras dos mesmos, estava decidida. Os primeiros meses de gap year seriam passados no estrangeiro e os últimos em Portugal. Subsequentemente, dividi tudo o que queria fazer durante o gap year (cursos, voluntariado, trabalho e também descanso) por esses meses.

               Praia da Laginha, Mindelo, Cabo Verde
Praia da Laginha, Mindelo, Cabo Verde créditos: Maria Pires

O terceiro passo está relacionado com o orçamento. Sabendo para onde e quando queria ir e com uma ideia razoavelmente clara do que queria fazer no gap year, restava-me magicar uma estimativa dos meus gastos.

O orçamento de um projeto desta magnitude inclui um infindável número de parâmetros, entre os quais o preço dos projetos de voluntariado (que idealmente não são pagos), as candidaturas, os voos, o alojamento, a alimentação, o transporte, o seguro e cuidados de saúde, os extras e claro, todos os inevitáveis custos burocráticos (refiro-me a passaportes, vistos e afins). Um bom orçamento é um orçamento flexível e adaptável às nossas necessidades.

Chegamos finalmente ao último passo, o “como?”. Como é que vou executar o itinerário deste gap year? Como é que garanto que faço os cursos e experiências de voluntariado que tanto quero? A resposta é simples. Com muita pesquisa e ação que leva, novamente, a um “infinito mar de papéis e separadores abertos”. E nada melhor do que começar a fazer uma to-do list com antecedência, com tudo o que é preciso comprar, fazer e pedir.

Projeto “O girassol em viagem”

Durante 8 meses a Maria Pires vai se aventurar em cursos, formações e experiências de voluntariado nacional e internacional em Cabo Verde. A Maria foi a vencedora da segunda edição do “Emunicipa-te” em Oeiras, um projeto de bolsas municipais de gap year.