Texto e fotografias por Maria Pires

Terminar com "chave d'ouro"

Ai, o final do meu gap year! Que estranho pensar que estes oito, nove meses estão a chegar ao fim. Este meu último mês em gap year foi sem dúvida atarefado, com os cursos de ilustração e história de arte, mas o principal marco foi a minha viagem final.

Depois de muita deliberação, o destino escolhido foi a Islândia. Que estranho que é passar de chuva torrencial e dez graus para o calor que se sente aqui em Portugal, mas a maior mudança é ter visto a noite pela primeira vez em duas semanas. Nesta altura do ano, uma série de países, incluindo a Islândia, tem direito ao dia durante 24 horas seguidas. Inicialmente é um espetáculo, mas mais para o fim já dava por mim a desejar poder ver algo que não céu nublado, nem que fosse só por umas horas.

Viajei para a Islândia para o meu último programa de voluntariado deste gap year. Com a associação SEEDS, ingressei num dos projetos de voluntariado ambiental que durou dez dias. Foi uma experiência muito enriquecedora e diferente dos outros projetos que tinha feito anteriormente, uma vez que estava mais focada na multiculturalidade dos voluntários, o que fez com que melhorasse ainda mais a minha estadia, já que conhecer e viver com pessoas de todo o mundo foi algo que sempre quis experienciar.

Cascata Gljufrabui, Islândia
Cascata Gljufrabui, Islândia créditos: Maria Pires

O programa foi dividido entre limpeza de praias e jardins, workshops de conexão à natureza e informação relativa às medidas que estão a ser tomadas para reduzir o nosso impacto ambiental, por exemplo, e visitas guiadas pela natureza islandesa. A Islândia é um país com um ecossistema único e foi uma sorte poder visitar as praias de areia negra, as magníficas cascatas e as águas termais. Para além desta sorte toda, ainda estive entre duas placas tectónicas e acabei por conseguir ver um glaciar!

Nas excursões que fizemos, pela Península de Reykjanes, e pela famosa South Shore, foi um sem-fim de maravilhas naturais, desde os gigantescos penhascos, o mar gélido, as grutas com direito às suas próprias cascatas, e por todo o lado o verde e preto, onde a vegetação encontra a terra vulcânica deste país tão especial. E conseguimos ver puffins!, o pássaro conhecido por parecer um pinguim (embora seja muito mais pequeno ao vivo).

Deu também para conhecer bem a capital, Reykyavík, uma cidade cheia de personalidade, com cafés e bares espirituosos, arte urbana em todas as esquinas e, claro, no chão. O segundo dia da viagem coincidiu com o Dia Nacional da Islândia, pelo que tivemos direito a participar na parada nacional, e no festival subsequente. Também foi incrível assistir ao pôr-do-sol da meia-noite, um evento que sucede todos os anos no solstício de verão, no dia 21 de Junho.

Flores dos jardins, Reykyavík
Flores dos jardins de Reykyavík créditos: Maria Pires
Eclético Café Babálu, Reykyavik
O eclético Café Babálu, Reykyavik créditos: Maria Pires

Desde o trabalho ao ar livre, passando pelo nosso dia a renovar os canteiros do Jardim Botânico Nacional, e, uma das minhas experiências favoritas, o dia de trabalho numa Eco Village, a tomar conta de árvores bebés; esta foi uma experiência absolutamente maravilhosa, com a qual aprendi muito, e que recomendo com entusiasmo a quem estiver curioso para visitar a Islândia. Que ótima maneira de terminar um gap year espantoso!

Solheimar Eco Village, Islândia
A Maria na Solheimar Eco Village, Islândia créditos: Maria Pires

Projeto “Girassol em Viagem”

Durante 8 meses a Maria Pires vai aventurar-se em cursos, formações e experiências de voluntariado nacional e internacional em vários pontos do globo. A Maria foi a vencedora da segunda edição do “Emunicipa-te” em Oeiras, um projeto de bolsas municipais de gap year. O seu projeto também pode ser seguido no instagram.