O inhame foi introduzido nos Açores com o povoamento e devido às suas propriedades energéticas rapidamente assumiu um papel determinante na gastronomia.

Inhame
créditos: andarilho.pt

Manuel Brasil, engenheiro agrónomo, salienta que o papel do inhame foi determinante na dieta alimentar em especial até à introdução da batata, mais de um século depois.

As plantações que ainda se podem ver na Ilha de S. Jorge são mais frequentes em terrenos com água. Em fontes ou com cursos de água que em alguns locais chamam “rios”.

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O “rio” de Fajã dos Vimes créditos: andarilho.pt

São mais fáceis de encontrar na Fajã da Ribeira da Areia e na Fajã dos Vimes, onde algumas parcelas têm menos de uma dezena de metros quadrados. Como eram terrenos férteis toda a gente queria ter um pedaço para a agricultura. Com a fragmentação das heranças, os artigos rurais foram ficando cada vez mais pequenos. As parcelas estão divididas por muros de pedra nas arribas da Calheta, Fajã dos Vimes ou Ribeira Seca.

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O inhame atinge uma altura razoável e as folhas são grandes créditos: andarilho.pt

O inhame tem uma folha verde grande, o tubérculo é castanho claro e o formato parecido com a batata doce. Pode-se encontrar em alguns mercados e nos restaurantes.

Hoje a produção é menor e quase exclusivamente para consumo familiar, embora continue a ser muito popular da gastronomia de S. Jorge. Os pratos mais populares são o inhame com ovos fritos, linguiça e, a acompanhar, peixe ou carne.

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Inhame a acompanhar peixe grelhado créditos: andarilho.pt

Por outro lado, foi também esbatida a diferença social que existia no passado. O inhame estava muito associado aos mais pobres. O tubérculo era essencial para a alimentação destas famílias, em particular na altura da Páscoa.

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Na história da ilha há um registo histórico que ainda hoje é lembrado e que até foi eternizado nos brasões da Calheta, com duas folhas de inhame, e no da Ribeira Seca, com o desenho de um pé.

Foi a maior revolta popular na ilha de S. Jorge, o Motim dos Inhames. Foi no final do século XVII e originou a morte de muitos locais, em particular na Calheta e Ribeira Seca.

Os produtores estavam a contestar o pagamento do dízimo, resultante da criação de um novo imposto. Alguns tinham recusado mas três anos depois foram obrigados a pagar a totalidade. O descontentamento já era muito e levou depois ao motim quando obrigaram os produtores a pagar o dízimo nas propriedades dos donos das terras.

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A ilha de S. Jorge tem poucas zonas planas para a agricultura créditos: andarilho.pt

As plantações de inhame estavam em lugares de difícil acesso, com encostas íngremes e cheias de falésias e os agricultores revoltaram-se com esta discriminação porque com as outras plantações o pagamento era no local do cultivo.

Uma primeira tentativa de recolha do dízimo levou os militares a uma primeira ofensiva. Ficaram cercados na igreja do Norte Grande e o conflito foi intermediado por um padre que evitou maior derrame de sangue.

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Mais tarde, as autoridades enviaram militares a partir de Angra e detiveram várias pessoas. Não apenas os agricultores e os descamisados. Foram igualmente detidos juízes e dirigentes locais foram perseguidos. O caso mais dramático foi o do capitão-mor da Calheta, originário da Ribeira Seca. Foi acusado de inspirar a revolta. Foi preso e enviado para a prisão do Limoeiro em Lisboa. Nunca mais regressou à ilha de S. Jorge.

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A grande maioria dos produtores de inhame já são proprietários da terra.

O inhame é muito popular para fins dietéticos em alguns países.

Provar o inhame de S. Jorge faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui

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