A Grande Barreira de Coral da Austrália está a passar por um "processo massivo de branqueamento", uma deterioração causada pelas mudanças climáticas que envolve a perda de cor dos recifes, afirmaram as autoridades do país esta sexta-feira.

Descrita como "a maior estrutura viva da Terra", a Grande Barreira é um recife de 2.300 quilómetros de extensão que abriga uma ampla variedade de biodiversidade.

Mas os repetidos processos de branqueamento, provocados pelas temperaturas elevadas, ameaçam acabar com o encanto da atração natural.

"Sabemos que a maior ameaça aos recifes de coral no mundo é a mudança climática. A Grande Barreira não é uma exceção", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Tanya Plibersek, em comunicado.

"Precisamos de agir contra a mudança climática. Precisamos de proteger os nossos locais especiais, as plantas e os animais que vivem neles", acrescentou.

Este é o sétimo processo de branqueamento em massa dos corais desde 1998 e o quinto desde 2016.

O dano foi confirmado por cientistas do governo após analisarem 300 recifes próximos da superfície a partir de aviões.

A Autoridade da Grande Barreira afirmou que não precisa de realizar mais estudos para avaliar a gravidade e a extensão da deterioração.

O branqueamento ocorre quando as temperaturas marinhas ficam um grau Celsius acima da média a longo prazo.

Perante esse estresse térmico, os corais expulsam as algas que vivem nos seus tecidos, o que leva à perda das suas cores vibrantes.

As temperaturas do oceano na área da Grande Barreira têm se aproximado dos seus máximos históricos nas últimas semanas, segundo dados oficiais.

Richard Leck, responsável do 'World Wildlife Fund' (WWF, Fundo Mundial para a Natureza) alertou para a probabilidade de grandes quantidades de corais morrerem caso as temperaturas do mar não arrefaçam rapidamente nas próximas semanas.

"O processo de branqueamento está a acontecer numa área onde os corais não haviam sido expostos anteriormente a temperaturas extremas", explicou. A mudança climática gera uma "pressão enorme" sobre a Grande Barreira.

Algumas espécies de corais provaram ser muito resistentes e podem entrar em recuperação com a queda da temperatura da água, mas o professor Terry Hughes, um dos maiores especialistas em corais da Austrália, alertou que os processos de branqueamento ocorrem com tanta frequência que os recifes mal conseguem iniciar a sua recuperação.

"O recife não é mais capaz de regressar à mistura de espécies de corais e de tamanhos de corais que tinha há 20 anos", disse à AFP.

"A ironia é que os corais que prevalecem atualmente na maior parte da Grande Barreira são de crescimento rápido e recuperam a superfície rapidamente, mas o problema é que são sensíveis ao calor e menos tolerantes ao próximo processo inevitável de branqueamento", explicou.