Vamos no sexto dia de viagem, e o corpo começa a acusar o cansaço e a pedir descanso. O passeio não começa antes da hora de almoço, e quase por arrasto pois a cama só pedia que ficasse por mais um pouco. É domingo e há imenso movimento na linda Plaza de Armas, caracterizada por elegantes arcadas de alto pé direito por cima das quais se apoiam enormes varandas e esplanadas panorâmicas.

Escolho como primeiro ponto de visita o Mosteiro de Santa Catalina (uma autêntica cidade dentro da cidade), com vida e identidade próprias. Destaque para as paredes dos seus pátios principais em fortes tons de tijolo e azul contrastando com o tradicional sillar - pedra branca única existente nesta região, de origem vulcânica e muito parecida ao granito embora mais porosa. O Mosteiro foi fundado em 1580, sendo, sobretudo, habitado por jovens de famílias ricas, que pagavam até 100 moedas de ouro pela sua estadia e posterior ingresso permanente na vida religiosa. Chegou a albergar mais de 300 mulheres.

Dotada de cafés, restaurantes e esplanadas, tudo com gosto e bem servir, Arequipa é uma cidade bem distinta das que conheci até agora e muito mais familiar ao nosso estilo de vida. É possível caminhar de forma livre e despreocupada, pelo que rapidamente chego ao Miradouro de Yanahuara, com vista privilegiada para os emblemáticos vulcões Misti, Pichu Pichu e Chachani. É também assim pelo acaso que me cruzo com o Barrio del Solar, um bairro fechado e particularmente bem cuidado, em sillar branco, ornamentado por floreiras nas janelas e cactos do tamanho de portas. No extremo oposto, a busca pela Ponte Bolivar, uma ponte de quase 500m erradamente conotada como obra de Eiffel revela-se uma desilusão arquitectónica e parece tão somente um aqueduto de ferro.

Volto à Plaza de Armas, ponto nevrálgico da cidade e de onde se destaca, num dos seus eixos, a imponente Basílica Catedral (a maior do Peru) cuja fachada nos remete rapidamente para o Convento de Mafra. Em plástico, várias formações triangulares dispostas em linha, qual aberração, estão agora ocupadas por padres que ouvem as confissões dos transeuntes. De tectos abobadados em pedra e tons de salmão, a nave central é manifestamente mais pobre do que a expectativa criada pelo exterior, destacando-se o enorme órgão e púlpito em madeira escura.

O cair do dia convida à melhor das vistas, do rooftop do Hotel Katari, com a luz suave do pôr do sol projectado no horizonte sobre a praça e os vulcões. É tempo de dizer adeus e enfrentar mais uma noite em night bus até Nazca.

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