“Vou acompanhar-vos durante o check-in e depois fazer-vos um tour pelo hotel e deixar-vos na vossa villa. Mas antes deixem-me oferecer-lhes uma bebida de boas-vindas!”. De olhar acolhedor, diz-se que a primeira impressão é a que fica - e esta recepção tão personalizada soma pontos, tendo-se logo nos primeiros segundos a sensação de que “isto vai ser qualquer coisa".

Salto para o buggy que devagarinho atravessa o resort amplo e verdejante, dando-nos a conhecer a localização dos principais pontos de interesse antes de desviar caminho para a linha de bungalows sobre a água onde vou ficar hospedada. De telhados de colmo, a porta abre-se deixando descobrir todo um mundo novo: uma sala de estar harmoniosa e delicadamente decorada com uma mesa de base transparente ao centro; um quarto requintado com painel em vidro e uma casa de banho com uma convidativa banheira com vista para o Monte Otemanu e o atol.

A tarde avança e é altura de deambular um pouco. Tínhamo-nos debatido durante algum tempo sobre qual seria o alojamento a escolher, e era ponto assente que Bora Bora merecia a verdadeira experiência de luxo, o tradicional “postal” tantas vezes visto em panfletos, revistas e programas de televisão, e que para tal acontecer o hotel em causa tinha de contemplar a célebre vista sobre o Monte Otemanu (o ponto mais alto da ilha). Não sendo uma experiência barata, a verdade é que toda a viagem foi condicionada no sentido de permitir que nos pudéssemos dar a este pequeno luxo sem culpas nos últimos dias da viagem.

Para esta estadia optámos por isso pelo InterContinental Bora Bora Resort & Thalasso Spa, que não só cumpriu como ultrapassou todas as expectativas.

O sol vai-se pondo devagarinho, acentuando as sombras e tornando a paisagem ainda mais cénica. As nuvens movem-se a seu ritmo, deixando pequenas abertas que permitem observar Otemanu em todo o seu esplendor e perfeitamente alinhado por entre duas enormes palmeiras que se encontram nas margens da piscina infinita. Por entre chips, azeitonas e uma margarita, este é o final de tarde perfeito para o primeiro dia no paraíso. Na praia, alguns turistas terminam o dia nadando ou fazendo stand-up paddle, enquanto outros se dedicam ao snorkelling junto à lagoa que adorna a pequena capela onde se celebram casamentos abençoados pelas centenas de peixes multicoloridos que habitam as suas águas.

O dia seguinte nasce cedo mas o tempo não está de feição, com aguaceiros que se tornam cada vez mais persistentes... tal como se diz por aqui, “January showers brings April flowers”.

Efectivamente, Janeiro não será a melhor altura para se visitar Bora Bora, cuja época alta se situa entre Maio e Outubro, e São Pedro também não está a querer colaborar. Coloco uma coroa de flores na cabeça e preparo-me para sair. Cruzo-me com a housekeeper, que todos os dias traz consigo uma frase inspiradora, águas e cápsulas de café - um pequeno mimo que, pelo menos para mim, torna tudo tão mais confortável e quase como se estivesse em casa.

O pequeno-almoço decorre num dos vários restaurantes com vista para a praia, onde cadeirões de madeiras maciças mas traços suaves convidam a ficar muito para lá do horário. Frutas tropicais, doçaria, compotas, sumos naturais, coco com poisson cru a la tahitienne e tudo o mais que se poderia desejar é servido no buffet. Trajados a preceito com alegres vestidos e camisas floridas, o staff é de uma cordialidade e simpatia inabaláveis, desde os mais elevados membros da recepção até ao serviço de restaurante e quarto, sendo transversal a vontade e naturalidade do bem servir.

Bora Bora: Três dias a experimentar o paraíso
créditos: Andreia Castro

O baloiço de madeira balança ao sabor do vento sobre as águas, enquanto que as canoas tradicionais esperam por melhores dias sobre as areias brancas, protegidas pela sombra das palmeiras. As águas ainda estão mornas mas a agitação torna a entrada desaconselhada. A convite do Hotel InterContinental Bora Bora dirijo-me para o Fitness Center e Thalasso SPA, onde encontro um espaço de relaxe de excelência, com sauna, banho turco, pequenos recantos criados por jardins interiores, sala de chá e de descanso. Os quartos de massagem individual ou de casal olham a lagoa onde pequenos corais se desenvolvem, criando o ambiente perfeito. No exterior, duas piscinas assim como jacuzzis privativos observam a paisagem adiante, constituída pela própria lagoa, uma ponte de madeira e depois toda a extensão da baía que convida os olhos a estenderem-se até à montanha. Não me faço rogada e instalo-me num por uns momentos, contemplando tudo o que me rodeia.

Após o jantar, e ainda cedo para recolhimentos, é altura de voltar ao lobby principal e ter a minha desforra do jogo de snooker da véspera. Dentro de uma das boutiques, algumas mulheres espreitam com olhar caprichoso as belas pérolas negras características da Polinésia, enquanto que de cocktails em punho alguns casais conversam entre si sendo fácil de perceber que, não sendo um hotel somente para adultos, também não é o ideal para as crianças. Aqui privilegia-se o romantismo e, pessoalmente, agradeço e aprecio o descanso que isso traz.

O tempo agrava-se com previsões de uma noite difícil, resultado de um tufão que se encontra na zona das ilhas Fiji. Bora Bora é fustigada por ventos mais e mais intensos que viriam a atingir os 100Km/h, e que obrigam ao recolher nessa noite e também no dia seguinte. Dentro do refúgio do bungalow, a calma contrasta com o exterior, e nem quando a situação se intensifica e a ventania misturada com a fúria das águas se torna realmente assustadora falha a luz.

É o último dia em Bora Bora e continua-se a trabalhar e a servir a 100% como se nada se tivesse passado. Novamente a convite do Hotel InterContinental vou conhecer a maior das villas, um apartamento de luxo para seis pessoas com uma sala espaçosa, cozinha equipada, dois quartos, duas casas de banho com banheira com vista sobre a baía e uma piscina infinita voltada sobre a montanha. Um espaço sem dúvida perfeito para uma estadia mais prolongada ou para amigos que queiram passar umas férias descontraídas mas com as melhores comodidades.

Bora Bora: Três dias a experimentar o paraíso
créditos: Andreia Castro

Três dias passaram depressa e rapidamente são horas de partir. Contrariamente ao percepcionado na ilha principal de Bora Bora, a estadia na zona da orla é verdadeiramente idílica e o cenário perfeito para uma ocasião especial, umas férias merecidas ou uma lua-de-mel. Sei que a realidade fora deste espaço é outra, mas quem aqui chega deixa-se simplesmente levar por tudo o que encontra. Diz-se que o dinheiro não traz felicidade, porém sem dúvida que ajuda muito, e não há ingratidão em - por momentos, dias ou horas - nos esquecermos que o mundo é maior e mais difícil do que este pequeno canto do paraíso e simplesmente desfrutarmos do bom que a vida tem para oferecer.

Sabes que um lugar te marca quando te deixa a chorar mesmo antes de ir embora, ainda que a experiência tenha sido longe do ideal por motivos de força maior. Deixo Bora Bora com a sensação de que muito ficou por aproveitar, nomeadamente as areias quentes, os eternos pores-do-sol ou os amanheceres rosados, mas com a certeza de que só uma estadia de nível superior poderia deixar uma marca tão forte nesta viagem.

- Estadia em colaboração com o Hotel InterContinental Bora Bora Resort & Thalasso Spa

- Se queres acompanhar esta e outras viagens, encontra-me no Instagram em @andreia.castro.dr ou no Facebook em Me across the World

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