Vamos sugerir a nossa experiência a quem desejar senti-la: vestimo-nos de branco e empenhámos não um anel (lembrando o verso de Rui Veloso “empenhei o meu anel de rubi”), mas dois frasquinhos de onde fizemos sair imensas e enormes bolas de sabão. Esses frascos tinham sido já ideia combinada entre os dois desde Lisboa. Deixei o anel de noivado em casa e decidi que mais do que ‘rubi’, precisei de estar ali: casando com a simplicidade grata de bolas de sabão. Trocando cumplicidade como quem troca alianças. Não houve um concerto no Rivoli, mas sentimos música algures e bem perto. As bolas de sabão seguiram rumo ao céu que estava, no dia 31 de Dezembro de 2021, repleto de estrelas. Antes disso, embateram nas palmeiras e nas pessoas que nos admiravam. Eram crianças que se aproximavam para verem duas pessoas que ‘celebravam’ algo de forma tão diferente. As bolas de sabão eram o mote para as crianças e entregámos um dos frascos ao grupo dos mais novinhos.

Sentimos que as crianças tinham aparecido, de rompante, como se fossem testemunhas do nosso momento, do ‘casamento de viajantes’. As bolas de sabão esfumavam-se entre as nossas gargalhadas. E dedicámos a maior parte do tempo às crianças que cada vez mais se iam aproximando. Envergonhadas com aquele jeito lindo que as pessoas cingalesas têm e lhes é tão idiossincrático. Sabem, sempre achei que o sorriso mais bonito tinha captado no Camboja. Amo o Camboja e já lá estive três vezes. Mas o sorriso de lá é mais amadurecido nas crianças, um sorriso adulto pela dureza da antiga força khmer. Aqui no Sri Lanka, mesmo abaixo da Índia, o sorriso de crianças e de adultos é tão inocente que diria que é um sorriso marcado por um gene que apenas ali existe. Sorriso inocente e que nada pede em troca. Um sorriso que ‘olha’ e agradece.

Casar na Ásia, sem ser Maldivas: porque casar é quando e onde se quiser
créditos: Sandra Figueiredo

Por cima de nós, estava uma palmeira que parecia que nos cumprimentava por estar tão curvada. Como nos postais que ficamos a mirar enquanto estamos esganados num casaco muito quente, no nosso inverno. Ao lado da palmeira estava imediatamente a praia e as pranchas de surf. Era plena noite e o calor era convidativo. Aliás ali é sempre muito quente e húmido, mas as chuvas podem ocorrer em momentos breves. Se for em abril (celebração do ano novo do Sri Lanka) vai deparar-se com mais aguaceiros. Mas nós ainda sentimos a chuva em dois momentos: nos arrozais perto de Pinnawala. E em Dambulla.

Sobre Dambulla, seria extenso descrever a viagem até ali, são horas de carro (desde Galle) e que valem cada quilómetro. Já vos referi o quão é valioso ir a Dambulla Cave Temple. É como casar de novo se formos com a companhia certa. É uma fé que reencontramos como se a tivéssemos tido sempre. Nos temp(l)os budistas, aqui, encontramos uma vontade diferente do que as sensações budistas nos templos tailandeses em que tudo é uma energia mais fugidia (por causa da entrada corrida de turistas e nativos): senti vontade de abraçar a humanidade, de olhar todos os rostos e lhes garantir que vai tudo correr bem e que estamos aqui, perto, nesta bola ‘Mundo’. Mais próximos do que antes.

Casar na Ásia, sem ser Maldivas: porque casar é quando e onde se quiser
créditos: Sandra Figueiredo

Toquei nas flores entregues a Buda, aos 150 budas. Não sem antes pedir permissão. E relembrei o nosso ‘casamento’ de dias antes em Galle. Depois, inebriada pelo incenso e pela chuva cá fora que escorria do céu como uma bênção não esperada, recordei outro cenário mais recente em que casámos. Noutro continente bem longe dali e mais árido no tempo e na terra: África. Sobre esse ‘casamento’, com véu incluído, falarei no mês de São Valentim. Contem-me as vossas histórias de noivado e de casamento por esse Mundo e terei todo o prazer de narrar, agora, os vossos amores de rubi.

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