Apesar de muito acessível a partir do Oásis de Huacachina não se deixem enganar pela persistência do calor e bom tempo. De lancha rápida, o frio, o vento e a água gelada que salpica tudo e todos tornam a viagem até às Islas Ballestas desconfortável e nada prazeirosa. Cubro-me o mais possível com o poncho de lã peruana comprado nas montanhas, agradecendo silenciosamente tê-lo trazido. Esta será apenas uma day trip, mas a viagem é tão penosa que me faz pensar demasiadas vezes na inapropriada escolha dos calções e t-shirt para o passeio.

São cerca de 40 minutos "sempre a abrir" até à Reserva Natural, um conjunto de várias ilhas protegidas junto à costa de Paracas, onde o principal destaque é para a observação de aves, pinguins, golfinhos e leões marinhos.

A lancha aproxima-se, denotando-se à sua superfície um picotado de milhares de aves semelhantes a gaivotas. A densidade é tanta que emprestam cor à superfície de uma das ilhas, parecendo esta por breves momentos ser de tons escuros. Contudo, e contrariamente à primeira impressão, o solo aqui oscila entre o vermelho da pedra e o branco do "guano", fezes de animais que recobrem muitas das ilhas e lhe conferem um enorme recurso financeiro. Enquanto fertilizante natural é 30 vezes mais eficiente do que os excrementos de vaca, pelo que pouco depois da sua descoberta já se exportavam 200 mil toneladas anuais.

Nas pequenas encostas, leões marinhos estão languidamente a dormir ou a ver-nos passar, não se dignando sequer a reagir aos olhares e apupos mais entusiasmados. São bastantes, entre adultos e crias, assim como a quantidade interminável de aves que mais uma vez abunda nas arribas ou sobrevoa os céus. Nas bases rochosas encontram-se também caranguejos e, ocasionalmente, estrelas-do-mar.

A lancha prepara o seu regresso, passando mais uma vez pela figura icónica do "candelabro", uma gravura de 150 por 50m metros esculpida contra o solo arenoso, origem e intenção desconhecidas, e que remete às imagens existentes em Nazca.

Uma linha de aves começa a voar em paralelo à lancha. Ganha dimensão à medida que nos afastamos de Ballestas, estendendo-se por centenas de metros. São milhares de aves que se despedem, e a imagem parece tirada de um filme que só pode ter um final feliz, merecendo, já de pés na areia, um brinde com um copo de vinho branco e o primeiro ceviche da viagem.

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