Diz-nos Mario Zanetti, presidente da Costa Cruzeiros, que a maioria dos seus passageiros regressa às cidades que visita durante o cruzeiro e Istambul, ponto de partida da recente rota do Costa Venezia, será com certeza um desses destinos a merecer um regresso. Na verdade, a vontade de regressar manifesta-se independentemente da forma que se visita a cidade. Istambul não se esgota numa só ida. Há tanto mundo para descobrir que, à medida que este destino se revela, percebemos que há mais. E vamos querer ir atrás desse mais. Voltar.

Visitámos Istambul a partir do cruzeiro Costa Venezia, cujo itinerário, pela Turquia e pela Grécia, inclui dois dias e uma noite em Istambul.

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Assim e enquanto estávamos instalados neste navio com capacidade máxima para 5260 passageiros, explorámos a cidade que já foi capital dos império Romano do Oriente e do Otomano.

Pelas águas do Bósforo

Depois de uma noite bem dormida a bordo do Venezia — a partir do qual podemos apreciar luzes do Bósforo —, nada melhor do que começar a tour com um passeio de barco.

O nosso passeio de barco incluiu almoço, o que nos permitiu descobrir os sabores turcos enquanto apreciavamos as vistas do lado europeu e asiático da cidade. Seguimos para o lado asiático, onde visitámos o fascinante Palácio de Beylerbeyi (Beylerbeyi Sarayi Palace), que foi residência de sultões do Império Otomano e que nos deixa de queixo caído pelo luxuoso interior. Tem tetos trabalhados, espaços amplos, candeeiros de cristal e ainda um lago, entre tantas outras coisas.

Com a cidade a nossos pés

Ainda no lado oriental, subimos até ao miradouro Çamlica Hill, que se trata de uma colina de 229 metros de altura chamada Kuçuk Çamlica. A partir deste lugar, conseguimos apreciar a imensidão da cidade.

Çamlıca Hill
créditos: Ana Oliveira

Pelo passado

Não precisamos de entrar em espaços fechados – ainda que muitos mereçam uma visita – para viajar pelo passado de Istambul. No segundo dia da nossa tour pela cidade, agora pelo lado europeu, tropeçámos, na Praça Sultanahmet, em vestígios do Hipódromo, o antigo coração das atividades políticas e desportivas de Constantinopla. Nesta praça, encontrámos uma Coluna Serpentina trazida pelos Delfos e o Obelisco de Teodósido, que veio do Templo egípcio de Karnak.

Com lenço a cobrir o cabelo (mulheres) e sapatos à porta, entrámos na Mesquita Azul, cujo nome oficial é Sultanahmet Camii ou Mesquita do Sultão Ahmed. Esta é a mesquita mais importante da cidade e também uma das atrações mais populares.

Enquanto passeámos por Istambul, uma cidade moderna, vibrante e bastante dinâmica, talvez até nos possamos esquecer que a população é maioritariamente muçulmana. Ainda que assim seja, tal como em Portugal e em outros países ocidentais, a maioria da população não é praticante. Aqueles que praticam a religião muçulmana devem fazer cinco orações por dia: ao amanhecer, ao meio-dia, à tarde, ao por do sol e à noite. São graças a estes momentos que nos lembramos que estamos num país de maioria muçulmana, pois escutamos o “azan” nas ruas da cidade, que é a chamada sonora feita pelo muezin a partir da mesquita para chamar os fiéis para o início da oração.

Continuamos a descobrir Istambul, agora é a vez de espreitarmos o Palácio Topkapi, outro must-see da cidade. Topkapi, que significa "porta do canhão", foi lar de sultões otomanos e do seu harém. Com várias exposições, divididas por diferentes salas, podemos ver desde tronos, armas, pedras preciosas a talheres. A maioria dos objetos, incluindo as armas, são trabalhados e decorados com ouro. Também encontramos objetos de prata, cerâmica, vestuário e relíquias sagradas para os muçulmanos como os pelos da barba e a marca do pé do profeta Maomé. Existem jardins para desfrutar e três portas para atravessar: a Imperial, a Saudação e a Felicidade. Terminamos a visita ao palácio com um almoço no restaurante Konyalı.

Uma viagem a Istambul nunca fica completa se não se passar pelo Grande Bazar. É considerado um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo por ter sido começado a ser construído em 1455. Neste mercado, negociar preços é regra. Vai encontrar desde especiarias, joalharia, tapeçaria a vestuário, calçado e cosméticos.

Para terminar o passeio por Istambul e com a certeza de que ainda há muito mais para descobrir, entramos na mesquita Hagia Sophia. Construída no século VI, é um lugar importante para cristãos e muçulmanos, visto que começou como uma basílica bizantina antes de ser convertida em mesquita após a tomada otomana de Constantinopla em 1453. Em 1934, o fundador da República Turca, Mustafa Kemal, transformou o monumento em museu como símbolo de uma Turquia secular. Em 2020, passou a ser mesquita.

Um hammam na Turquia, nem sabe o bem que o fazia

Depois de andarmos de um lado para o outro, nada melhor do que um banho turco (hammam).

Para além de nos refrescar e deixar com a sensação de pele limpa, é um must-do em Istambul. O banho turco foi um ritual muito importante durante o Império Otomano. Para além de representar limpeza, relaxamento, purificação, era também um evento social. O nosso hammam foi no histórico Hurrem Sultan Hammam, que fica entre a Hagia Sophia e a Mesquita Azul.  Construído em 1556 e 1557, é o maior hammam histórico da Turquia, tendo sido erguido no local dos antigos banhos públicos (100-200 d.C). Mais do que um banho, vale como uma experiência que nos remete à era dos sultões.

E porque já mergulhamos na tradição turca, nada melhor do que terminar o dia com um espetáculo tradicional. Assistimos à dança dos dervixes, também conhecidos por mevlevi – que usam a música e a dança “em pião” como um meio para abandonar o corpo e unir-se de forma mística a Deus, no Hodjapasha.  Depois de várias horas de jejum, homens envergando vestes brancas e saias amplas, rodopiam equilibrados sobre um pé, com os braços estendidos, permitindo que a energia flua através deles, ao som de um repertório de música peculiar.

A dança dos dervishes é reconhecida pela UNESCO pela sua importância cultural e valor intangível.