“Após um mês sem enviar um áudio, tenho imensas coisas para te contar”. E não é que tem, mesmo? A Beatriz Caetano (@beatrizccaetano) está hospedada num hotel que é uma espécie de pousada, em Puerto Escondido, gerida por um casal de mexicanos que prima pela diferença: humanidade pura. Ela tem estado a viver e a trabalhar no México. Novidade? Pois, até aqui escrevi-vos sobre a portuguesa viajante. Agora ela está além desse termo. E, por falar em ‘termo’, parece que Portugal para ela é um contrato a termo incerto, pois me surpreendeu muito saber que ela está a ponderar não regressar a Portugal e tem um motivo. Já vamos perceber qual. Porém, deste lado do Oceano, podemos fazer com que ela mude a sua decisão. Celebrou o seu aniversário na natureza perto do Pacífico, ali no México, estes dias. Parabéns, filha do Pacífico!

Enquanto o mar ondula ao longe (ouço e faço ‘repeat’ nos áudios dela) ela conta-me que tem estado envolvida em várias atividades e cada vez mais vê “imensa gente de todo o mundo” e encontra portugueses. Vão e voltam. Ela continua até o visto permitir. É o único entrave, acreditem. A vontade dela está expressa.

Saiba o que pode fazer se quiser alongar a sua estadia no México ou mesmo focar Puerto Escondido como seu verdadeiro esconderijo: tal como a Beatriz, pode estar ativo na libertação das tartarugas, a partir dos viveiros. Pode alcançar o ponto alto do mar (intrépido e mesmo assim: quente) e ver centenas de golfinhos. Depois, com a devida supervisão, vai poder nadar com os golfinhos. Imaginam a sensação de paraíso? E reforça que a essa sensação se junta a ideia de parecer não existir pandemia. E não há ali efetivamente focos de infeção.

Que mais se quer, além de mergulhar no mar quente com golfinhos, ajudar a libertar tartarugas nos seus ciclos migratórios e viver ajudando outras pessoas de outros mundos, sobretudo sem o alerta aborrecido e constante da COVID-19? Viver num registo de simplicidade a que se está a habituar com a riqueza de o saber fazer.

Mas saiba que pode viajar até este ponto do México e com a portuguesa, sem sair de casa. Como? Ajude-a na atividade que ela refere como sendo a mais importante atualmente na sua vida. É um projeto de solidariedade para a reconstrução do hotel do casal Andrés e Alma que a acolhe. Ela vai alertar no seu Instagram o pedido de donativos para auxiliar na compra de materiais básicos de construção: rolos, tintas, espátulas. “Ainda tem aqui muita coisa para fazer (…) comecei hoje as obras, estou aqui de rolo na mão a pintar as paredes (…) já estive a dar um primário”. Todavia a Bia não perde (graças a Deus) o seu sentido espirituoso: “achas normal, o dono quer aquilo tudo pintado de cor de rosa… eu não vou pintar aquilo de cor de rosa de certeza, eu já lhe disse [ao dono] (…) o hotel chama-se Pink Rose.”

E como ‘sobrevive’ ela, assim, a pensar nos outros e já despojada de budget desde janeiro? A Beatriz é feliz na sua nova ‘profissão’: está a fazer tranças às estrangeiras nos vários alojamentos turísticos e é esse o seu “ganha-pão”. Ainda tentou fazer nas praias também, mas não é permitida a licença a não residentes. Já ficam a saber disto, caso queiram entrar neste modo natural de viajante ou hippie.

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Reparo como a sua evolução espiritual tem sido a típica observada num de dois tipos de viajantes: os grandes viajantes que já picaram ponto em quase todo o mundo e os viajantes grandes que exploram todas as regiões de um país tão ‘mosaico’ como o México. A Bia é o segundo caso de viajante e há quase quatro meses que não a vemos em Portugal. E talvez nem tão cedo pois esse crescimento tem a ver com os laços que ela tem gerado com a cultura mexicana e com a necessidade de ajudar.

Pede-me, pede-nos a todos que foquem este assunto: um euro de muitos portugueses será um tesouro para que o casal mexicano suprima as suas dificuldades e consiga manter a sua pousada/hotel. Pois é raro encontrarmos por este mundo fora… alojamentos com tanta bondade desta forma. A Beatriz sente que já vive ali. Ainda nisto eu matuto: quando volta a portuguesa que levantou voo a 27 de janeiro? Está a tornar-se uma verdadeira hippie. Sem materialismo, sem trejeitos ocidentais.

O casal Andrés e Alma é tão humano com os seus clientes que têm atitudes como levar comida caseira à Beatriz e a fazer uma festa surpresa no seu dia de anos, com balões e um bolo de aniversário confecionado pela senhora da estalagem. Então, apelo aos portugueses: donativos (enviados para ela, basta contactarem pelo seu Instagram ou contactarem-me para o meu Instagram que reencaminho para contacto mais direto da Bia) para poder ser recuperado o hotel que está carenciadíssimo, a ponto de não poder vir mais a existir. Ela garante que não volta dali sem ter o hotel remodelado. Vamos acelerar a viagem dela e auxiliar quem precisa? Os golfinhos vão ecoar decerto o nosso gesto. Eu já fiz a minha parte.