Este texto foi escrito antes do trágico terramoto que ocorreu a 8 de setembro de 2023. É com o coração nas mãos que assistimos às imagens de devastação das aldeias remotas e ao número cada vez mais crescente das fatalidades. Esperamos que as pessoas não desistam de ir a Marrocos pois o país irá precisar recuperar a nível económico, sendo que uma grande parte do PIB é proveniente do turismo. Será por isso crucial o apoio dos viajantes aos pequenos produtores e comércios locais.

Em fevereiro deste ano, fomos a Marrocos com a nossa fiel companheira de viagem, a nossa carrinha. Após percorrermos mais de mil quilómetros pela costa de Marrocos, chegámos perto de Sidi Ifni, onde nos tinha sido confiada uma missão por um marroquino que tínhamos conhecido uns dias antes. Foi uma mera curiosidade e uma conversa sobre o impacto do turismo de massas que nos levaram a passar dois dias com o Nacer em casa dele, de volta de inúmeros chás de menta e muita comida boa.

O Nacer vive em Sidi R'bat, uma pequena vila piscatória na qual existe uma comunidade de trogloditas, ou seja, pessoas que vivem (temporariamente ou não) em cavernas esculpidas na rocha, à beira-mar. Tivemos o privilégio de sermos convidados a beber chás em duas dessas cavernas, uma mais modesta e outra com muitas comodidades (cama, cozinha, WC, etc.). Foi emocionante ver a paixão e o orgulho com que os habitantes falavam destas grutas, muitas delas esculpidas ilegalmente e à mão. Afinal quem não gostaria de poder acordar todos os dias com vista para o mar?

Quando o Nacer soube que íamos até Sidi Ifni, 130km mais a sul, pediu-nos para levar um envelope com documentos importantes para assuntos familiares e deixá-lo num determinado sítio. Envelope entregue, chá de boas-vindas bebido, estávamos prontos para ir conhecer um lugar fantástico: os dois arcos de Legzira, formações rochosas naturalmente esculpidas pelo vento. É possível aceder à praia a pé, embora não seja recomendado a quem tenha vertigens pois para lá chegar é preciso andar por um caminho estreito, à beira da falésia.

Legzira, Marrocos
Outro dos arcos de Legzira créditos: Daqui para ali

Aconselhamos uma visita ao pôr do sol, quando as cores da terra ficam mais intensas e todo o cenário se torna único. Existia uma formação rochosa em forma de elefante, como se a tromba entrasse dentro do mar, mas infelizmente desabou em 2016.

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