Num hostel em Puerto Viejo ficou num quarto em que a cama era suspensa entre as duas paredes de pladur. Privacidade zero, pois ouvia-se qualquer tipo de som através das paredes. Mas a Beatriz Caetano ( @beatrizccaetano ) valoriza este facto: um hostel muito jovial e com boa energia! Contudo, conte com a franqueza das dimensões ‘apertadas’. Aquilo a que em Portugal costumamos chamar de sítio “acolhedor”. Por ali aproveitou as praias e os passeios, procurando a maravilha ainda por vir. Ainda nessa busca como Indiana Jones, efetivamente (sinto-a assim enquanto a ouço). Mas sei que ela a vai encontrar…e também se está a ‘reencontrar’. Afinal a viagem começou apenas a 27 de janeiro.

A portuguesa que deixou tudo para trás e está agora mesmo na Costa Rica
A portuguesa que deixou tudo para trás e está agora mesmo na Costa Rica
Ver artigo

Alugou a sua bicicleta e, quando a viu… aceitou que poderia “apanhar tétano… mas, por acaso, era gira [a bicicleta]”. Claro que enquanto escrevo, vou soltando risos e contendo-me no teclado. Inspirando-me como viajante e escritora, revejo as fotografias que a Bia me envia… os vídeos e sobretudo prendo um dos meus sentidos: a audição. Os sons de fundo são autênticos e tornam possível esquecer que há COVID-19, que há aí fora um mundo pandémico, que há um mundo confinado. Ali não, aliás nunca se tocou nesta situação de pandemia desde que ela saiu do avião do Panamá-Costa Rica. Portanto, fica aqui a dica de um destino a procurar rápido: reencontre a liberdade que há um ano tínhamos.

Depois da portuguesa cumprir o pagamento iniciou a corrida na bicicleta ferrugenta até Manzanillo. Estrada longa e sem obstáculos. Quase idílico, não fosse o facto de os pneus estarem vazios e plena ausência de mudanças na bicicleta. De estrada que “era sempre em frente” até ao paraíso, de repente tudo se transformou numa luta para conseguir pedalar no caminho sinuoso. Parecia ‘menos em frente’, digamos. De mochila às costas, a chuva ainda a abençoou, apesar de tornar tudo mais pesado. Parou e usou sacos pretos de plástico para cobrir os seus pertences, arrancou e seguiu na sua bicicleta ‘vintage’ e cheia de poeiras. Mas, conseguiu chegar ao local que sonhava e ali demorou-se em fotografia e no olhar.

Todavia ela refere, entre as informações de áudio que me envia quase diariamente, que “sou péssima a tirar fotos…e porque poupo bateria”. Confirmo a sensação da ‘poupança’ pois queremos sorver as paisagens em imagens na nossa lente, mas a bateria esvai-se. Depois há a preocupação: e se precisamos de contactar alguém e não há bateria? De novo a emergência possível, felizmente nada relacionado com a pandemia. Não se ouve tal. Só os plátanos, os animais amistosos e as pessoas desertas por falar com quem chega. Por falar com a nossa portuguesa. Aliás numa videochamada (excerto publicado no meu instagram), ela vai contando partes da aventura sempre de sorriso no rosto, mas com alguma surpresa acumulada dos dias que está a vivenciar. Nesta videochamada vejo pratos deliciosos e sumos naturalíssimos que iluminam a pele da Bia. Ainda entra também alguém que, em Espanhol, lhe pergunta de onde é. Ouço Portugal e sabe bem. De novo, não ouço, nem vejo no vídeo sinais de pandemia.

Vejo uma mesa, uma rapariga portuguesa, um almoço e uma praia calma mesmo quase a banhar-lhe os pés. E muitas árvores típicas de Costa Rica. É que neste país não se trata apenas de palmeiras, há muito mais diversidade e as árvores, tal como os animais, são de uma variedade imensa. Observo enquanto a ouço, feliz. Sabe o que vai comer imenso neste país ausente de más notícias (mas cheio de turbulências com a época das chuvas quentes)? Patacones.  Algo que a Bia come intensamente e é confencionado com base nos plátanos, tudo natural. Outra coisa que faz parte de qualquer refeição, seja qual for a hora do dia: pinto, que é basicamente arroz com refeição. E a cerveja …curiosamente chama-se “Imperial”.

De repente vem um áudio em silêncio…não sei se foi de propósito, mas fez-me viajar pela segunda vez a Costa Rica: sons de aves selvagens, o dançar das árvores, tudo como se fosse um sarau da Natureza.

E hoje ficamos por aqui, mas antecipo o ‘próximo episódio’: no seu bungalow, noutra paragem em Costa Rica, ela foi assolada por uma outra surpresa: acorda com um dilúvio e a casa ao lado começa a cair (registou em vídeo). Entre plátanos, chuva e calmaria costa-riquenha o arraial de água vai continuando, mas vêm aí surpresas. Ela irá a Monte Verde, ela já fez vários desportos mais que radicais e irá começar, depois, a descer a Costa do lado do Pacífico. Fiquem atentos.